Sábado, 17 de maio de 2025
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Após 12 dias sob o cerco total de Israel e em grave crise humanitária, impedida de acessar água, alimentos e eletricidade, Gaza recebeu na manhã deste sábado (21/10) 20 caminhões com suprimentos para a população, por meio da passagem pela fronteira em Rafah, no Egito. 

O comboio de ajuda humanitária contém água, alimentos e medicamentos, mas não combustível, que também tem sido restrito aos palestinos de Gaza e implica no não-funcionamento da única central elétrica do enclave. 

A decisão para que combustível não fosse permitido partiu do governo de Israel. Nesta manhã, o porta-voz das Forças de Defesa Israelenses (FDI), Daniel Hagari, adiantou que a matéria-prima que pode gerar energia “não entraria em Gaza”. 

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A agência de ajuda humanitária da ONU para refugiados palestinos (UNRWA) é receptora deste comboio e tem a responsabilidade de distribuir a ajuda aos civis em Gaza. De acordo com sua diretora de comunicações, Juliette Touma, é “absolutamente crítico” que o combustível chegue à região. .  

Segundo sua entrevista ao jornal catari Al Jazeera, o combustível é essencial para as operações da agência e para bombear água para as torneiras da população. 

A representante classificou o envio dos primeiros caminhos com ajuda como importante, e “sublinhou que é necessário continuar e não pode ser uma prestação de ajuda “única”.

Segundo a Al Jazeera, o gabinete de comunicação social do governo em Gaza disse esperar que a UNRWA entregue ajuda humanitária em diversas regiões da faixa, que tem mais de dois milhões de habitantes. 

“Com o início da entrada através da passagem de Rafah do primeiro comboio limitado de necessidades básicas, estamos à espera que a UNRWA – como parte receptora – realize a sua dever de prestar ajuda aos necessitados em várias áreas da Faixa de Gaza”, ressaltou o jornal. 

O representante palestino também lembrou sobre importância do estabelecimento de corredores humanitários que funcionem 24 horas por dia a fim de “satisfazer as necessidades humanitárias e os serviços essenciais que estão completamente desaparecidos” na Faixa de Gaza, incluindo o recebimento de ajuda médica uma vez que o sistema de saúde da região está em colapso. 

Alimentos, água e medicamentos chegam ao enclave pela fronteira em Rafah, mas são insuficientes para população de 2,3 milhões

Twitter/WHO Regional Office for the Eastern Mediterranean

Comboio de ajuda humanitária contém água, alimentos e medicamentos, mas não combustível

Quatro dos 20 caminhões que chegaram esta manhã a Gaza pertencem a Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo sua declaração, contêm suprimentos para 1.200 pessoas, 235 sacos de trauma portáteis para estabilização de pacientes em local de acidente, medicamentos para 1.500 pessoas e demais suprimentos de saúde para 300 mil durante três meses. 

A diretora executiva do Programa Alimentar Mundial (PMA) das Nações Unidas, Cindy McCain, saudou a abertura da passagem em Rafah para os caminhões de ajuda, mas afirmou que seu conteúdo “não é suficiente”.

“Estes vinte caminhões são um primeiro passo importante, mas este comboio não pode ser o último”, declarou a representante por meio das redes sociais. 

A afirmação de McCain decorre do fato de que a Faixa de Gaza tem uma população de aproximadamente 2,3 milhões de pessoas e antes da guerra declarada por Israel, diariamente, mais de 500 caminhões com estes suprimentos entravam na região. 

A chegada do primeiro comboio de ajuda humanitária foi permitida por Israel após um acordo entre seu primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o presidente do Egito, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi, e dos Estados Unidos, Joe Biden. 

Após a visita de Biden a Israel na quarta-feira (18/10), o gabinete de Netanyahu declarou que “não impediria a assistência humanitária vinda do Egito“. 

O documento ainda adicionava que o envio seria permitido desde que fosse “apenas comida, água e medicamentos para a população civil localizada no sul da Faixa de Gaza”. Israel ainda apontou que esses suprimentos não devem chegar ao grupo palestino Hamas. 

Apesar de ceder espaço à ajuda humanitária vinda do Egito, o governo de Tel Aviv insistiu que “não permitirá qualquer assistência humanitária do seu território para a Faixa de Gaza” enquanto os cidadãos civis israelenses sequestrados pelo Hamas “não forem devolvidos”. 

A exigência da troca de cativos por suprimentos básicos em Gaza é discutida desde a primeira semana de guerra, tendo a Cruz Vermelha, e possivelmente o governo da Rússia, como mediadores da situação.