O Ministério dos Negócios Estrangeiros palestino criticou a postura da comunidade internacional, nesta sexta-feira (05/01), ao afirmar que “a crise humanitária em Rafah [província da Faixa de Gaza onde se concentra o maior número de deslocados internos] está testando a credibilidade que resta do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU)”.
Em comunicado divulgado por rede social, a pasta destacou que, após mais de três meses desde a intensificação das operações militares de Tel Aviv no território palestino, “o governo israelense continua sua crescente campanha de genocídio, destruição massiva e deslocamento na Faixa de Gaza”. No entanto, até o momento, nenhuma medida efetiva está sendo tomada por instituições multilaterais para impedir esse cenário, como é o caso da Organização das Nações Unidas.
“Esta limpeza étnica em curso é imposta pelo exército ocupante, apoiado pelas suas falsas alegações sobre zonas seguras. Mais de 2 milhões de palestinos em Gaza ficam com duas opções sombrias: ou a morte através de bombardeios, fome, sede, privação de tratamentos médicos, especialmente no inverno; ou o deslocamento contínuo”, afirmou o organismo pela plataforma X.
For the 91st consecutive day, the Israeli government continues its deepening campaign of genocide, comprehensive destruction, and displacement in the #GazaStrip. This ongoing ethnic cleansing is enforced by the occupying army, backed by its false claims about safe zones. Over 2… pic.twitter.com/i6UMc1PTmh
— State of Palestine – MFA ???? (@pmofa) January 5, 2024
Twitter/Philippe Lazzarini
Crise humanitária em Rafah está testando a credibilidade do Conselho de Segurança da ONU, diz Ministério dos Negócios Estrangeiros palestino
As declarações são dadas um dia após a Agência de Refugiados das Nações Unidas para Palestinos (Acnur) anunciar que mais de 85% da população total da Faixa de Gaza foi forçada a sair de casa em decorrência dos ataques de Israel.
De acordo com o órgão internacional, são pelo menos 1.9 milhão de palestinos que se enquadram na condição de deslocados. Desse número, mais de um milhão de cidadãos se concentram em Rafah, o que configura a província como a área com a maior densidade populacional do mundo.
“O deslocamento cada vez mais intenso é a outra face da mesma moeda da morte”, concluiu o comunicado.
Mais de 100 alvos em menos de 24 horas
A “limpeza étnica” de Israel mencionada pelo governo palestino aborda também a continuidade das operações militares na Faixa de Gaza.
Nesta sexta-feira (05/01), a emissora catari Al Jazeera informou que as forças israelenses lançaram ofensivas aéreas, terrestres e marítimas contra, pelo menos, 100 alvos palestinos em menos de 24 horas.
De acordo com o exército do Estado judeu, teriam sido destruídos armazéns de equipamentos e bases militares do grupo de resistência palestina Hamas.
Enquanto o próprio governo israelense afirma que entrará em uma nova fase da operação militar no território palestino, o Ministério da Saúde de Gaza segue registrando centenas de mortes diárias.
Ainda nesta sexta-feira, o número de palestinos mortos pelos ataques israelenses subiu para 22.6 mil, sendo que quase 58 mil estão feridos. A pasta ainda informou que 7 mil pessoas estão desaparecidas, muitas delas sob os escombros devido à destruição de infraestruturas e instalações causada por bombardeios.