Em comunicado, neste sábado (27/01), o Hamas denunciou que Israel está em uma “campanha de incitação” contra agências das Nações Unidas que fornecem ajuda humanitária aos palestinos na Faixa de Gaza.
Segundo a emissora catari Al Jazeera, o grupo de resistência palestina afirmou que se trata de uma “conspiração” criada pelas autoridades israelenses entre a Organização Mundial da Saúde e o Hamas, que levou países, incluindo os principais doadores, a cortarem o financiamento para a organização que trabalha no auxílio humanitário aos palestinos, dificultando a sobrevivência dos residentes em meio a “crimes de ocupação”.
Ao menos, Estados Unidos, Canadá, Austrália e Itália já declararam publicamente a suspensão temporária do financiamento especialmente à agência da ONU para refugiados palestinos (Acnur) em Gaza, devido às alegações israelenses.
Ainda neste sábado, o governo de Tel Aviv elogiou as nações que bloquearam os recursos, acrescentando que, após o fim da guerra, Israel pretende paralisar completamente as operações do órgão internacional no território palestino.
“Trabalharemos para angariar apoio bipartidário nos Estados Unidos, na União Europeia e em outras nações a nível mundial para esta política que visa travar as atividades do Acnur em Gaza”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros israelense, Israel Katz, pela plataforma X.
Commending the US government for its decision to cease funding to @UNRWA after it was revealed that some of its employees were involved in the heinous massacre on #October7.
We have been warning for years: @UNRWA perpetuates the refugee issue, obstructs peace, and serves as a…
— ישראל כ”ץ Israel Katz (@Israel_katz) January 27, 2024
Twitter/UNRWA
Hamas denuncia ‘campanha de incitação’ de Israel contra agências da ONU
Abertura de investigação
Na sexta-feira (26/01), a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinos (Acnur) declarou a abertura de uma investigação sobre funcionários do próprio órgão que estariam supostamente envolvidos na primeira ofensiva do Hamas, em 7 de outubro. A suspeita partiu de Israel.
“As autoridades israelenses forneceram ao Acnur informações sobre o suposto envolvimento de vários funcionários do órgão nos horríveis ataques a Israel em 7 de outubro”, disse Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência de Assistência e Obras da ONU para Refugiados da Palestina, no Oriente Médio. O representante ainda afirmou que tomou a “decisão de rescindir imediatamente os contratos destes funcionários e lançar uma investigação a fim de estabelecer a verdade”.
O número de funcionários supostamente envolvidos nos ataques, como alega Israel, no entanto, não foi revelado.
O Departamento de Estado norte-americano, imediatamente, bloqueou recursos e ressaltou que não forneceria nenhum financiamento adicional à agência até que as alegações fossem abordadas.
“O Departamento de Estado suspendeu temporariamente o financiamento adicional para o Acnur enquanto analisamos as alegações e as medidas que as Nações Unidas estão tomando para resolver”, disse o porta-voz Matthew Miller.
Já o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, disse que o bloco de 27 membros iria “avaliar novas medidas e tirar conclusões com base no resultado da investigação completa”.
Ao longo do conflito, foram inúmeras as vezes que a agência da ONU para refugiados palestinos apelou por mais ajuda, afirmando que sua capacidade de assistência humanitária em Gaza estava em “em colapso”. A suspensão de recursos, portanto, é uma medida que tende a agravar ainda mais os problemas, uma vez que os Estados Unidos, a Alemanha e a União Europeia são considerados os principais doadores da organização internacional.