O grupo islâmico palestino Hamas anunciou nesta terça-feira (30/01) que recebeu uma proposta de cessar-fogo apresentada após negociações em Paris e confirmou que a estudará.
Segundo o líder do Hamas, Ismail Haniyeh, a decisão será tomada “com base no fato de a prioridade ser parar a agressão, o ataque brutal a Gaza e a retirada completa das forças de ocupação da Faixa”.
No entanto, ele disse estar disponível para “discutir qualquer iniciativa ou ideia séria e prática, desde que conduza à cessação total da agressão”.
“O movimento está aberto a discutir qualquer iniciativa ou ideia séria e prática, desde que conduza à cessação completa da agressão e garanta o processo de acolhimento para o nosso povo, para as pessoas que foram forçadas a ser deslocadas pelas medidas de ocupação, para aqueles cujas casas foram destruídas, bem como a sua reconstrução”, explicou Haniyeh.
De acordo com chefe da organização, também é esperado o “levantamento do cerco e a implementação de um sério processo de troca de prisioneiros que garanta a liberdade dos nossos heroicos prisioneiros e ponha fim ao seu sofrimento”.
Por fim, Haniyeh destacou que a “liderança do movimento recebeu um convite para ir ao Cairo, no Egito, para discutir o projeto de acordo que emergiu da reunião em Paris e os requisitos para a sua aplicação”, com base em “uma visão que concretiza os interesses nacionais dos nossos povos num futuro próximo”.
Enquanto isso, membros das forças israelenses mataram três pessoas no hospital de Avicena, em Jenin, no norte da Cisjordânia, informou o Ministério da Saúde palestino nesta manhã.
O Hamas reforçou que “as forças de resistência, que juraram lutar contra a ocupação até à sua expulsão, não se intimidam com as mortes ou crimes do inimigo”. “É um crime covarde que não ficará sem resposta”, escreveu o Hamas no Telegram, ressaltando que está de “luto pelos mártires” mortos pelo Exército israelense.
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Hamas também afirmou nesta terça-feira que ataque israelense em Jenin não ficará sem resposta
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse ainda nesta terça-feira que Tel Aviv não retiraria as forças armadas da Faixa de Gaza nem libertaria os prisioneiros palestinos, resistindo sobre algumas condições de um possível acordo de trégua com o Hamas.
Em declarações transmitidas pela televisão local israelense, Netanyahu acrescentou: “não terminaremos esta guerra antes de alcançarmos todos os seus objetivos. Isso significa eliminar o Hamas, devolver todos os nossos reféns e garantir que Gaza não representará mais uma ameaça para Israel”.
Nesta segunda-feira (29/01), o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, anunciou que as reuniões do dia anterior tinham efetivamente resultado no estabelecimento de um plano para uma trégua gradual, que descreveu como “bom progresso”, afirmando que transmitiria ao Hamas a proposta.
O que o Hamas quer?
O Hamas exige a retirada completa das forças israelenses do enclave em troca da libertação dos reféns. Na segunda-feira, a agência de notícias AFP citou um alto oficial do Hamas, Taher al-Nounou, dizendo: “estamos falando acima de tudo de um cessar-fogo completo e abrangente, e não de uma trégua temporária”.
Na entrevista, ele disse que assim que a guerra acabar, “o resto dos detalhes poderá ser discutido”, incluindo a libertação dos reféns.
A primeira resposta do grupo à iniciativa de mediação do Catar, em dezembro, foi indicar que procurava uma trégua de vários meses. Após esta proposta inicial, fontes dizem que foram feitos progressos no sentido de conseguir que os dois lados concordassem com cessar-fogo de 30 dias.
O grupo palestino deseja que os Estados Unidos, Egito e Catar garantam a implementação do cessar-fogo e teme que o governo de Netanyahu retome a guerra assim que o Hamas libertar os reféns.
Durante uma primeira reunião de negociações neste ano, o Hamas exigiu a libertação de todos os prisioneiros palestinos das prisões israelenses, incluindo aqueles que participaram nos ataques de 07 de outubro, mas desde então cedeu e voltou atrás com esta exigência.
(*) Com ANSA