Cinco dias após o assassinato dos jornalistas palestinos Hamza al-Dahdouh e Mustafa Thurayya, que trabalhavam quando foram atingidos por um ataque aéreo na Faixa de Gaza, o Exército de Israel justificou as mortes acusando os dois funcionários de serem “agentes terroristas”.
A declaração das forças militares do Estado judeu foi condenada pelo Hamas. Em breve pronunciamento nesta quinta-feira (11/01), o grupo de resistência palestina afirmou que as alegações do exército eram vagas e que Israel “cria falsos pretextos para justificar os seus massacres e crimes contra civis e jornalistas palestinos”.
Em uma tentativa de explicar as fatalidades que foram condenadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), como também por entidades que defendem o direito da imprensa, o porta-voz das Forças de Defesa israelense (IDF) fez uma extensa publicação em rede social, na quarta-feira (10/01), afirmando que “os dois homens mortos pertenciam a organizações terroristas na Faixa de Gaza, uma vez que participaram na promoção de operações terroristas contra as nossas forças”.
Pelas palavras de Avichay Adraee, a atuação dos jornalistas está “comprovada” por informações que foram disponibilizadas pela inteligência de Tel Aviv.
Twitter/IDF
Hamas diz que Israel mente ao justificar massacres contra civis e jornalistas palestinos
#عاجل الكشف عن انتماء كل من حمزة الدحدوح ومصطفى ثريا إلى تنظيمات إرهابية
⭕️تداول الإعلام الفلسطيني في الأيام الأخيرة خبر مقتل صحفيين يدعيان حمزة الدحدوح ومصطفى ثريا نتيجة غارة نفذت في وقت سابق هذا الأسبوع في رفح.
⭕️وتثبت معلومات استخباراتية متوفرة لدى جيش الدفاع انتماء… pic.twitter.com/bHz5db7sRY
— افيخاي ادرعي (@AvichayAdraee) January 10, 2024
O assassinato gerou comoção internacional e a ONU chegou a defender “uma investigação profunda e independente” sobre os ataques.
Thurayya cobria a guerra pela agência de notícias AFP, enquanto Hamza, que era filho do redator-chefe da sucursal da Al Jazeera na Faixa de Gaza, Wael al-Dahdouh, trabalhava como produtor do canal. Ambos estavam dentro de um carro quando dois foguetes orquestrados pelo exército israelense atingiram o veículo, na cidade de Rafah, no sul do território palestino.
Na ocasião, a Al Jazeera denunciou Israel pelo “assassinato seletivo”, enquanto o chefe do grupo de defesa Repórteres sem Fronteiras classificou o cenário como um “massacre sem fim”.
Após a morte dos jornalistas, no dia seguinte, outros dois comunicadores também foram assassinados pelos ataques comandados por Tel Aviv. Abdullah Baris e Muhammad Abu Dayer perderam suas vidas na Faixa de Gaza, conforme notificou o gabinete de Comunicação Social do governo palestino, elevando o número total de jornalistas mortos para 112, desde 7 de outubro.