“Todas as opções estão abertas”, alertou nesta sexta-feira (03/11) Sayyed Hassan Nasrallah a Israel, em seu primeiro pronunciamento desde o início da guerra entre Israel e Hamas. Após a intensificação dos ataques israelenses na Faixa de Gaza, o líder do Hezbollah criticou tanto Tel Aviv quanto os Estados Unidos pelo massacre do povo palestino.
O líder do Hezbollah afirmou que a “Operação Inundação de Al-Aqsa” foi uma resposta integralmente do Hamas contra o território israelense, por consequência dos abusos históricos de Israel aos palestinos. Nasrallah deixou claro que o Irã não exerceu qualquer influência sobre a primeira ofensiva do grupo palestino, reforçando que o Hezbollah entrou na batalha em 8 de outubro, um dia depois:
“A grande Operação Inundação de Al-Aqsa foi decidida e implementada 100% pelos palestinos. Foi planejada em total sigilo, nem mesmo outras facções palestinas tiveram conhecimento dela, muito menos movimentos de resistência estrangeiros”, confessou Nasrallah, acrescentando um elogio ao trabalho do Hamas em estabelecer “uma nova fase histórica na batalha com Israel”, que considera “correta, sábia e corajosa, realizada no momento certo”.
Fracassos de Israel e Estados Unidos
O chefe do Hezbollah afirmou que, neste momento, um dos maiores erros de Israel é estabelecer objetivos que não consegue alcançar. Criticou a conduta israelense como “tola e incapaz” pelo massacre de civis inocentes em Gaza, afirmando que o Estado israelense pode recuperar seus prisioneiros detidos em Gaza por meio de negociações.
“Durante um mês inteiro não conseguiu registrar uma única conquista militar”, disse Nasrallah sobre as forças israelenses.
O chefe do Hezbollah ainda acusou os Estados Unidos de serem inteiramente responsáveis pela guerra em Gaza, utilizando Israel apenas como um “ferramenta de execução” para seus próprios interesses e, em seguida, exigiu que ambas as partes assumam as responsabilidades.
Twitter/GeopolPT
Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, fala pela primeira vez desde o início da guerra de Israel em Gaza
Possibilidade de uma nova escalada contra Israel
Os dois objetivos traçados por Nasrallah são o fim da guerra em Gaza e a concessão da vitória para o Hamas.
O líder considera que a troca diária de tiros com as forças israelenses ao longo da fronteira com o Líbano pode parecer “modesta”, mas que é fundamental, considerando-a sem precedentes desde 1948.
Ao confirmar que 57 integrantes de sua organização já perderam a vida na luta, reforçou que o Hezbollah intensifica as suas operações diariamente e força Israel a manter o seu Exército próximo à fronteira com o Líbano, ao invés de Gaza ou da Cisjordânia ocupada.
“Todas as opções estão abertas”, alertou Nasrallah sobre a possibilidade de uma nova escalada na frente libanesa para a entrada na guerra contra Israel. Destacou ainda que o futuro depende da conduta israelense sobre o povo palestino, convocando países árabes e muçulmanos para acabar com a guerra: “quem quiser evitar uma guerra regional deve parar rapidamente a guerra na Faixa de Gaza”.
Homenagens à resistência
O discurso desta sexta-feira iniciou com uma prestação de homenagens tanto aos “mártires caídos” do Hezbollah quanto aos grupos que lutam contra as forças israelenses. O chefe do Hezbollah também lamentou pelas mortes de civis na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada:
“Ofereço minhas mais profundas condolências às famílias dos caídos aqui no Líbano e, ao mesmo tempo, parabenizo vocês porque seus entes queridos conquistaram a honra do martírio”, disse Nasrallah.
O líder também mencionou Iraque e Iêmen, envolvidos na “Guerra Santa”, saudando-os pela “coragem” em se integrar aos conflitos por uma causa “nobre”, defendendo também que o evento em 7 de outubro foi necessário para escancarar a “entidade usurpadora e os seus apoiadores em Washington e Londres”.