O saguão do Campus Baixada Santista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) reuniu diversas pessoas na noite desta segunda-feira (28/02) em um evento em solidariedade à causa palestina, que teve como principal convidado o jornalista Breno Altman, fundador de Opera Mundi.
O encontro foi organizado pela Associação Cultural José Martí e também serviu como lançamento em Santos do livro Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista, escrito por Altman e publicado pela Editora Alameda.
Durante a palestra no evento, o jornalista enfatizou o fato de que o cenário que vemos hoje na Faixa de Gaza é “muito simples”: “estamos diante de um massacre promovido por um Estado colonizador, que é o Estado de Israel, contra um povo colonizado, que é o povo palestino”.
“É impossível negar o que está acontecendo em Gaza. Se trata de um genocídio, onde está claro quem é o povo agredido, o povo palestino, e quem é o agressor, o Estado de Israel liderado pelo governo sionista de Benjamin Netanyahu. E é mais uma das muitas agressões já promovidas pelos sionistas desde 1948, mas agora muito mais brutal, embora com o mesmo objetivo de reforçar o domínio israelense sobre aquele território”, enfatizou Altman.
Em outro momento, o fundador de Opera Mundi foi contrários aos meios de comunicação que defendem a retórica israelense a respeito dos acontecimentos no Oriente Médio, e incluiu ainda alguns setores progressistas que demonstram postura favorável à versão dos fatos apresentada por Tel Aviv.
“A realidade que está acontecendo em Gaza é inversa ao que diz o governo de Israel, do que dizem os meios de comunicação alinhados com o discurso sionista e também, lamentavelmente, do que afirmam algumas figuras e coletivos de esquerda que assimilaram esse discurso, alegando apenas que Israel estaria ‘pegando pesado demais’, sem entender que Israel sempre agiu dessa forma”, comentou.
Altman também falou sobre como avalia a situação do Hamas desde o início do conflito, ressaltando que a ação do dia 7 de outubro é uma “ação de resistência que é legítima perante o direito internacional, uma resposta a décadas de um processo colonial brutal e à incapacidade do sistema internacional de frear o ímpeto agressor de Israel”.
Victor Farinelli
Jornalista lançou o livro ‘Contra o Sionismo: retrato de uma doutrina colonial e racista' em Santos nesta quarta-feira (28/02)
Ele lembrou a defesa feita pela delegação da China na Organização das Nações Unidas (ONU), evocando uma resolução do Conselho de Segurança adotada em 1972 a respeito da agressão promovida naquele então pelo governo da África do Sul contra trabalhadores da Namíbia. Aquela decisão afirma que “os povos colonizados têm o direito de usar todos os meios disponíveis para reagir contra uma ação colonialista por parte de outro povo, e essa reação é ética e juridicamente legítima”.
Altman também afirmou que não possui qualquer tipo de simpatia pelo Hamas. “Não é uma organização de esquerda, está muito longe de ser de esquerda. O Hamas é religioso, fundamentalista, sunita, difere muito dos princípios que eu acredito, mas isso não significa negar a realidade, que é o fato de que o Hamas é hoje quem lidera a resistência palestina contra as agressões do governo sionista de Israel, e que essa situação se produz pelos erros históricos cometidos pelo Fatah desde antes dos Acordos de Oslo, nos anos 90, mas principalmente a partir daquele momento”, disse o jornalista.
Presenças no evento
O evento contou com presenças de personalidades, como a vereadora Débora Camilo, do PSOL de Santos, e o jornalista Renato Rovai, diretor da Revista Fórum.
A representante da Associação José Martí, Gabriela Ortega, comemorou a celebração do evento dizendo que a “nossa organização existe há 12 anos, nasceu como um coletivo de solidariedade ao povo cubano que sofre há décadas com o bloqueio econômico imposto injustamente pelos Estados Unidos, mas claro que fazemos também a defesa de outros povos que estão lutando no mundo, como é o caso do povo palestino”.
“Desde outubro passado nós intensificamos as nossas ações a respeito da questão palestina, e nós já havíamos convidado o Breno para participar de atividades nossas, felizmente pudemos concretizar agora, quando podemos aproveitar para não somente divulgar o livro dele como também para entregar a nossa solidariedade pelo assédio jurídico que ele vem sofrendo daqueles que querem calar as vozes que apoiam a Palestina”, frisou Ortega.