O governo do Irã não tem planos de retaliação imediata contra Israel, como apontou um alto funcionário iraniano, nesta sexta-feira (19/04), momentos depois que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) realizaram um ataque de mísseis e drones contra o complexo nuclear localizado na província de Isfahan.
Segundo o jornal The Times of Israel, os órgãos oficiais iranianos emitiram “uma resposta moderada”, e os comentários do alto funcionário indicam que Teerã “pode não estar interessado em arriscar a guerra” contra Israel.
Ao conseguirem interceptar todos os mísseis e drones israelenses, outra autoridade iraniana ouvida pela agência Reuters descreveu que a ofensiva teve “um pequeno número de explosões” e classificou o incidente como um ataque de “infiltrados”, e não de Israel.
“A fonte estrangeira do incidente não foi confirmada”, disse, sob condição de anonimato, acrescentando que o governo não teria recebido “nenhum ataque externo, e a discussão se inclina mais para a infiltração do que para um ataque.”
Ainda segundo o veículo, um analista iraniano disse à TV estatal que os drones abatidos pelas defesas aéreas em Isfahan tinham sido pilotados por “infiltrados de dentro do Irã”.
No entanto, segundo o The Times of Israel, um pequeno comentário em rede social lançado pelo ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, que pressionou por uma resposta enérgica ao ataque do Irã, indicou que a represália tenha partido de Tel Aviv.
“Fraco!”, afirmou Ben Gvir, gerando críticas por parte de funcionários do gabinete do premiê Benjamin Netanyahu, que entenderam que revelar a origem do ataque colocaria a segurança nacional em risco.
דרדל׳ה!
— איתמר בן גביר (@itamarbengvir) April 19, 2024
Enquanto o ataque israelense desta sexta-feira foi “minimizado” pelos iranianos, como afirma a Reuters, no episódio ocorrido dias atrás, quando Teerã lançou uma contraofensiva a Tel Aviv, o governo israelense havia repudiado veementemente as condutas do Irã.
A contraofensiva iraniana repercutiu negativamente pela comunidade internacional e a nação chegou a ser sancionada pelos Estados Unidos e o Reino Unido, embora tenha se tratado de uma resposta contra o bombardeio israelense que destruiu a sede diplomática do Irã na Síria e matou mais de dez pessoas, no início de abril.
Segundo o jornal norte-americano The Washington Post, que consultou uma autoridade israelense, o ataque desta sexta-feira teve como objetivo sinalizar ao Irã que Israel tem a capacidade de fazer uso de suas armas em território externo.
E foi esta mesma mensagem que o ex-conselheiro de segurança de Israel, Eyal Hulata, levou em entrevista ao veículo israelense Army Radio:
“É importante que o Irã entenda que, quando age contra nós, temos a capacidade de atacar qualquer ponto e podemos causar enormes danos. Temos uma força aérea capaz e os Estados Unidos do nosso lado”, explicou Hulata, contrariando possível desescalada ao afirmar que “é muito cedo para dizer que acabou”.
Ao longo da semana, países aliados a Israel, incluindo os Estados Unidos, mobilizaram-se para pressionar ambas as partes do conflito com o objetivo de frear quaisquer retaliações adicionais e impedir o agravamento das tensões no Oriente Médio.