A guerra em Gaza asfixiou as telecomunicações locais, às vezes até a paralisia total. As redes sociais foram praticamente amordaçadas no enclave palestino. Mas apesar das tentativas israelenses de isolar o território do mundo, os habitantes de Gaza criaram maneiras de se comunicar, mesmo nos piores momentos da guerra.
Em Gaza, ainda existem alguns poucos privilegiados que podem pagar mil euros por um telefone via satélite Thuraya que cobra quase cinco euros por minuto de ligação.
Os canais de televisão árabes, com vários correspondentes especiais, utilizam material portátil que permite transmitir som e imagens por satélite. No entanto, no auge da ofensiva, Israel bloqueou os satélites, reduzindo drasticamente a banda de transmissão, que muitas vezes permitia apenas a difusão de mensagens.
Já a opção de comunicação pelo programa “Starlink for Gaza”, anunciado por Elon Musk, foi cortada pela raiz. O bilionário foi obrigado a obter uma liberação de Washington e Tel Aviv para cada cliente.
Para aqueles que vivem no extremo sul de Gaza, perto da fronteira com o Egito, havia a opção de usar um chip das operadoras egípcias. A Vodafone até aumentou a potência de suas antenas e multiplicou o número de retransmissores de sinal nos arredores de Gaza. Um quinto dos 40 quilômetros de Gaza foi coberto dessa forma. Outras pessoas usam um cartão SIM programável que, com uma assinatura específica, permite que passem pelo sinal de várias operadoras.
Anadolu
Alguns poucos privilegiados que podem pagar mil euros por um telefone via satélite que cobra quase cinco euros por minuto de ligação
Outro problema que teve que ser superado foi a falta de eletricidade em Gaza. Mas algumas pessoas, acostumadas com os conflitos com Israel e constantes apagões, haviam instalado painéis solares em suas casas. Muitos deles, destruídos por aviões israelenses.
Uma melhora devido à trégua
De acordo com o Netblocks, um observatório independente da internet, as medições feitas há um dia na Faixa de Gaza mostram um aumento na conectividade. A melhoria se deve à trégua entre o Hamas e Israel. Parte do combustível trazido do Egito foi usado para alimentar as estações de telecomunicações.
As operadoras de Gaza também começaram a reparar a rede danificada pelos bombardeios. Quando as antenas são destruídas, as empresas procuram um prédio que ainda esteja de pé para instalar repetidores. Foi assim que muitos habitantes de Gaza conseguiram voltar a acessar as redes sociais.
A principal preocupação é receber notícias da família e dos amigos, tanto dentro de Gaza quanto nos quatro cantos do mundo, onde vivem milhões de palestinos.
Além disso, nas redes sociais também é possível encontrar imagens de destruição e de mortos e vídeos das Brigadas al-Qassam filmados durante os combates com o Exército israelense.