As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) invadiram nesta quinta-feira (15/02) o hospital Nasser, maior complexo de saúde ainda operante em Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, com tanques de guerra e metralhadoras.
O exército israelense disse que tinha “informações credíveis” que indicaram que haviam reféns raptados pelo grupo palestino Hamas e mantidos na unidade de saúde. A região está há semanas com intensos bombardeios e confrontos com combatentes rivais na vizinhança.
Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, milhares de pessoas, incluindo pacientes, tiveram de abandonar o hospital onde a situação é “catastrófica”, sendo que os funcionários não conseguiram evacuar os corpos devido à falta de segurança no complexo.
As forças israelenses continuam sitiando os dois principais hospitais em Khan Younis e que os disparos de franco-atiradores no Hospital Nasser mataram e feriram muitas pessoas nos últimos dias, ainda segundo as autoridades palestinas.
Para o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, a unidade hospitalar é como “a espinha dorsal do sistema de saúde no sul de Gaza”. A entidade internacional teve acesso negado ao hospital nos últimos dias e perdeu contato com a equipe, escreveu ele no X (antigo Twitter).
Entidades humanitárias apelam para que cessem imediatamente o ataque contra o hospital. A organização Médicos Sem Fronteiras, por exemplo, é uma delas e declara que há profissionais da saúde desaparecidos.
Wikimedia Commons
Destruição em Gaza após bombardeios israelenses desde outubro de 2023
A região de Rafah, na fronteira sul de Gaza com o Egito, é o último refúgio para quase 1,5 milhões de palestinos deslocados. O governo israelense apela à “evacuação” da população – mesmo que não tenham para onde evacuar.
A aniquilação sistemática de infraestruturas tornou grande parte de Gaza “inabitável”, segundo as Nações Unidas (ONU). Os palestinos que permanecem no norte enfrentam uma crise total: nenhuma ajuda humanitária consegue chegar até eles. Há mais de um mês, o Programa Alimentar Mundial da organização alertou que 93% das famílias palestinas deslocadas não têm alimentação adequada.
O líder israelense Benjamin Netanyahu, que está sob pressão internacional para cessar o ataque, não deu qualquer indicação sobre a extensão da ofensiva ou para onde poderão ir as centenas de milhares de palestinos agora amontoadas em Rafah.
Pelo menos 28.576 palestinos foram mortos, incluindo 103 nas últimas 24 horas, e 68.291 feridos em ataques israelenses em Gaza desde 7 de outubro, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza.
Israel prometeu continuar a lutar até erradicar o Hamas e fez do regresso dos últimos reféns uma prioridade. Já o grupo palestino diz que o governo Netanyahu deve comprometer-se a acabar com a guerra e sair de Gaza.