Israel e Líbano voltaram a ser palco de tensões nesta segunda-feira (26/02), enquanto rumores apontam um avanço das negociações para um cessar-fogo humanitário com o Hamas na Faixa de Gaza.
No fim da manhã, as Forças de Defesa Israelenses (IDF) afirmaram ter bombardeado postos do “aparato de defesa aérea” do Hezbollah, movimento xiita libanês aliado do Hamas, no vale de Bekaa, local relativamente distante da fronteira.
Segundo as IDF, o ataque foi uma “reação ao disparo de um míssil terra-ar contra um drone que caiu hoje”. Dois militantes do Hezbollah teriam morrido na ação, segundo a imprensa libanesa.
Hassan Ali Younès, nascido em 1969 de Brital no Bekaa, e Ahmed Mohammed Sindiane, nascido em 1966, da aldeia de Ali el-Nahri, também no Bekaa foram as duas vítimas fatais do ataque. Os dois combatentes foram mortos “no caminho para Jerusalém”, como anuncia o partido xiita.
Segundo a contagem de Opera Mundi, estas duas mortes elevam para 217 o número de membros do partido xiita mortos por Israel na Síria e no Líbano, desde 08 de outubro passado.
O movimento xiita lançou dezenas de foguetes Katyusha contra uma base militar israelense na Alta Galileia. Não há notícias sobre vítimas até o momento.
Esta é a primeira vez que Israel ataca esta região do Líbano no leste desde o início dos confrontos com o Hezbollah, já que os ataques israelenses estavam concentrados no sul do país.
O ministro das Relações Exteriores libanês, Abdallah Bou Habib, assegurou que o Líbano “continua os seus esforços para conter a escalada e prevenir o pior”. O chanceler, que recebeu o embaixador dos Estados Unidos e da Espanha em seu escritório, afirmou em comunicado à imprensa que “os desenvolvimentos muito preocupantes destes dias ameaçam não apenas a segurança do Líbano, mas de toda a região”.
E acrescentou: “a nossa abordagem visa encontrar soluções globais e duradouras com vista a sair desta crise e deste conflito”.
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Ataque israelense no Líbano matou pelo menos duas pessoas
Além do ataque israelense sem precedentes em Bekaa, aeronaves israelenses atacaram uma área entre Jarmak e Iqlim al-Touffah. Região onde um drone israelense foi abatido anteriormente pelo Hezbollah.
As infraestruturas visadas pelo ataque em Bekaa são galpões de armazenamento de alimentos, bem como uma casa alugada perto desses galpões.
“O ataque israelense não ficará sem resposta”, alertou o parlamentar do Hezbollah, Hassan Fadlallah, segundo a Reuters.
O chefe do bloco parlamentar do Hezbollah, deputado Mohammad Raad, disse que o partido xiita estava ciente de que o “confronto com Israel no Líbano é delicado” e que as suas consequências poderiam ter repercussões nos “cálculos” israelenses.
“O inimigo quer que sigamos por um caminho que lhe permita abrir novas frentes em se beneficiar do apoio internacional (…) e procuramos pressioná-lo a lutar nos nossos termos”, disse durante discurso proferido em Adchit em uma cerimônia de homenagem a Hassan Mahmoud Saleh, membro do Hezbollah recentemente morto num bombardeio israelense.
Ele também assegurou que estes confrontos “deixarão um gosto amargo em Israel”.
Mohammad Raad também acusou os “regimes árabes de permanecerem ao lado do inimigo [Israel] para encorajá-lo a violar o território” do Hezbollah.
(*) Com ANSA