O premiê israelense Benjamin Netanyahu está cogitando a contratação do advogado norte-americano Alan Dershowitz para realizar a defesa de Tel Aviv na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, diante da denúncia apresentada pela África do Sul por possível crime de genocídio contra os palestinos residentes em Gaza.
A informação sobre a sondagem a Dershowitz foi divulgada pelo jornalista israelense Barak Ravid em suas redes sociais.
“Autoridades israelenses dizem que Netanyahu quer que Alan Dershowitz represente Israel na audiência da CIJ, na próxima semana sobre a acusação da África do Sul de estar conduzindo um genocídio em Gaza. Liguei para o Alan, que não negou e disse: ‘não posso comentar sobre isso neste momento’”, afirma a publicação de Ravid, que também é analista da rede de notícias norte-americana CNN.
Israeli officials say Netanyahu wants Alan Dershowitz to represent Israel at the @CIJ_ICJ hearing next week about South Africa's accusation that it is conducting genocide in Gaza. I called @AlanDersh who didn't deny and said: “I can't comment about it at this time”
— Barak Ravid (@BarakRavid) January 2, 2024
Caso aceite o convite, o jurista terá que enfrentar a afirmação de Pretória de que Tel Aviv violou suas obrigações com a Convenção para a Prevenção e a Repressão do Crime de Genocídio. O processo pede a condenação do governo israelense e a suspensão das operações militares na Faixa de Gaza.
Advogado de Trump e criminosos sexuais
Professor aposentado da Faculdade de Direito de Harvard, Alan Dershowitz, é conhecido por ser um contumaz defensor do regime sionista em Israel, sendo autor de diversos livros e também de artigos publicados sobre o tema na imprensa norte-americana.
Flickr
Alan Dershowitz foi defensor em casos de crimes sexuais com grande repercussão nos EUA, como os Jeffrey Epstein e Harvey Weinstein
Porém, como advogado, seus casos mais notórios nos últimos anos foram como defensor de criminosos sexuais condenados pela Justiça dos Estados Unidos.
Em um dos seus trabalhos mais emblemáticos, o advogado atuou a favor do megaespeculador Jeffrey Epstein, condenado em 2008 por ter criado uma rede de prostituição de menores de idade.
Anos depois, Dershowitz defendeu o produtor de cinema Harvey Weinstein, sentenciado em 2017 por assédio sexual contra dezenas de atrizes de Hollywood – em três casos, também foi considerado culpado de estupro –, incluindo nomes como Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow, Mira Sorvino, Rosanna Arquette, Cara Delevingne, Ashley Judd e Heather Graham, entre outras.
O último caso de grande repercussão no qual o defensor atuou o processo de impeachment de Donald Trump, em 2020, no qual ele foi bem sucedido: o Senado norte-americano considerou improcedente a denúncia de que o ex-presidente teria solicitado ajuda da Ucrânia para interferir na eleição presidencial daquele ano para favorecer sua candidatura à reeleição.