O Exército de Israel voltou a lançar novos bombardeios contra Gaza nesta quinta-feira (19/10) e matou o chefe das forças de segurança do grupo fundamentalista islâmico Hamas, em uma guerra que já dura 13 dias.
Segundo a agência de notícias italiana ANSA, Jehad Mohaisen foi morto junto com seus familiares no ataque à sua casa no bairro de Sheikh Radwan, na Cidade de Gaza. Até agora, no entanto, o governo israelense não confirmou a informação.
As Forças de Defesa de Israel (FDI) também anunciaram a morte de um dos chefes de um grupo conhecido como Comitês de Resistência Popular (CRP), enquanto que a imprensa local informou que Jamila al-Shanti, viúva do fundador do Hamas, Abdel Aziz al-Rantisi, que morreu em 2004, foi assassinada.
Nesta quinta, as tropas do premiê Benjamin Netanyahu entraram mais uma vez na Faixa de Gaza em uma tentativa “direcionada” de localizar israelenses desaparecidos ou de obter detalhes sobre o seu paradeiro.
O porta-voz Daniel Hagari estima que o Hamas levou ao menos 203 reféns para Gaza e garantiu que as famílias de todos foram atualizadas sobre a situação.
A questão dos israelenses detidos pelo Hamas envolve também a crise humanitária em Gaza, uma vez que o governo de Israel reiterou nesta quarta-feira (18/10) que a passagem de assistência para a população não será permitida enquanto os sequestrados não forem libertados.
A agência de notícias palestina WAFA também denunciou que os ataques aéreos de Israel têm como alvo padarias, “matando dezenas de pessoas e ferindo centenas que faziam fila para comprar pão”.
A agência classifica a atividade de comprar alimentos agora como uma “jornada perigosa em busca de comida”, uma vez que os bombardeios já atingiram cinco estabelecimentos do tipo em Gaza.
O novo alvo das forças israelenses acontece em meio à escassez de alimentos na região. O Programa Alimentar Mundial das Nações Unidas já alertou que o estoque não deve durar mais do que alguns dias, em meio ao “cerco total” de Israel.
Enquanto as FDI atuam na frente de combate em Gaza, outra parte também trabalha no norte do país, na fronteira com o Líbano, onde embates com o grupo Hezbollah, aliado do Hamas, têm acontecido.
Segundo o exército, alvos do grupo, entre eles um ponto de observação de onde m´mísseis são disparados, foram atacados durante esta madrugada como “resposta aos ataques a tiros de quarta-feira (17/10)”.
Reino Unido e Egito
O primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak, desembarcou em Israel nesta quinta e se reuniu com o premiê Netanyahu e o presidente Isaac Herzog.
“Acima de tudo, estou aqui para expressar minha solidariedade ao povo israelense. Vocês sofreram um ato de terrorismo indescritível e horrível, e quero que saibam que o Reino Unido e eu estamos com vocês”, declarou Sunak após o desembarque.
Twitter/Benjamin Netanyahu – בנימין נתניהו
Reino Unido manifestou apoio e solidariedade a Israel, sem manifestar-se sobre a crise em Gaza
Segundo a Al Jazeera, o premiê britânico deixou claro seu apoio “a qualquer ação dentro do direito internacional”, mas não fez comentários sobre o cerco total israelense que desligou a eletricidade, e impede a entrada de água e alimentos para os civis de Gaza. Além disso, Sunak não fez nenhuma menção sobre cessar-fogo
Paralelamente, o presidente da China, Xi Jinping, se reuniu com o primeiro-ministro do Egito, Mostafa Madbouli, e disse esperar colaborar com o país para trazer “maior estabilidade” ao Oriente Médio, em meio às tensões na região devido ao conflito entre Israel e o Hamas.
“A China está disposta a reforçar a cooperação com o Egito e a introduzir maior certeza e estabilidade na região e no mundo”, afirmou o líder chinês, segundo a rede estatal CCTV.
Hamas chama à resistência
Também nesta manhã, o Hamas lançou um apelo “à nação islâmica e a todos os homens livres do mundo” para organizar “marchas e manifestações em grande escala em solidariedade com o nosso povo”.
Em comunicado, o porta-voz do grupo, Abdel Latif Kanua, acusou mais uma vez Israel de ter bombardeado o hospital al-Ahli em Gaza há dois dias, contrariando a narrativa que o exército israelense tem afirmado sobre o ataque provir da Jihad Islâmica, grupo atuante em Gaza.
“A situação da resistência é boa. O povo resiste na sua própria terra e não se curvará ao inimigo”, completou o representante do Hamas.
Crise e ajuda humanitária
Com quase cinco mil mortos, nos dois lados da guerra, e 12 mil feridos em Gaza – segundo o Ministério da Saúde palestino, a Rússia anunciou um voo especial com 27 toneladas de ajuda humanitária destinada a civis na Faixa de Gaza, que deve partir do Egito.
“Seguindo instruções do presidente russo e em nome do governo, o avião do ministério entregará uma carga humanitária à população da Faixa”, diz a nota.
As mercadorias estão a caminho de El Arish, uma cidade egípcia no norte do Sinai, a cerca de 50 quilômetros da travessia Egito-Gaza Rafah, apontou a Al Jazeera.
O anúncio russo vem após Israel permitir que os civis em Gaza recebam suprimentos como água, alimentos e medicamentos, mas apenas pela passagem do Egito.
Relatos confirmam que a passagem de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o país norte-africano, ainda está fechada para a saída de civis. A expectativa é de que a fronteira seja aberta nesta sexta-feira (20/10), com base em acordos entre os Estados Unidos, Israel e o governo egípcio.
(*) Com Ansa