Poucas horas antes do início de uma nova reunião do Conselho de Segurança da ONU (CSNU) sobre a situação em Gaza, o presidente da Palestina, Mahmoud Abbas, pediu nesta sexta-feira (08/12) que os membros da organização votem a favor de um cessar-fogo imediato para o conflito.
A intercessão do líder da Autoridade Palestina decorre da invocação do Artigo 99 da Carta das Nações Unidas pelo secretário-Geral da ONU, António Guterres, na última quarta-feira (06/12).
Segundo o documento, “o Secretário-Geral poderá chamar a atenção do Conselho de Segurança para qualquer assunto que em sua opinião possa ameaçar a manutenção da paz e da segurança internacionais”, sendo assim uma ferramenta para que o CSNU seja pressionado a tomar decisões efetivas sobre o conflito que já vitimou mais de 16 mil pessoas.
Assim, a agência de notícias palestina Wafa afirmou que Abbas falou sobre “a chegada do momento para adotar esta resolução e por fim à guerra genocida em curso infligida ao povo palestino pelas forças de ocupação israelenses na Faixa de Gaza e na Cisjordânia”.
Abbas lembrou que a entrega de ajuda humanitária para a população civil de Gaza, cerca de dois milhões, enfrenta “obstáculos intencionais impostos pelas autoridades de ocupação israelenses, que resultaram em uma situação catastrófica”.
Martin Schulz/Flickr
Pesidente da Palestina, Mahmoud Abbas
Situação, essa, reconhecida pela ONU, que declarou a situação em Gaza como “apocalíptica” após dois meses de ofensiva israelense impossibilitando a entrega de água, alimentos, combustível e medicamentos.
Desta forma, o líder palestino ainda pediu que o Conselho de Segurança da ONU envie uma delegação para que avalie “de perto a catástrofe humanitária que se desenrola na Faixa de Gaza”.
A reunião do CSNU está marcada para às 11h (horário de Brasília) desta sexta-feira (08/12) e conta com a votação para um cessar-fogo imediato de todos os seus membros, incluindo os cinco países de assentos permanentes: China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia.
Desde o início do conflito, em 7 de outubro, o Conselho de Segurança reuniu-se diversas vezes para avaliar resoluções de paz para Israel e Palestina, no entanto, devido aos poderes de veto dos países permanentes, nenhum foi aprovado.
As resoluções chinesa e russa foram vetadas por alguns países, em especial Estados Unidos. O mesmo aconteceu de forma inversa, com a resolução norte-americana sendo vetada pela Rússia e China por excesso de apoio a Israel.
Já a resolução do Brasil, que presidia temporariamente o órgão na ocasião, recebeu veto apenas dos Estados Unidos, o que gerou uma profunda crise diplomática e levou a críticas sobre a “paralisia” do CSNU, incapaz de gerar uma solução em conjunto.