Em um comunicado publicado nesta segunda-feira (19/02), a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal) defendeu a declaração do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, realizada durante o dia anterior, na qual ele afirmou que o massacre promovido pelas forças militares de Israel na Faixa de Gaza nos últimos quatro meses é comparável ao extermínio dos judeus durante a Alemanha nazista.
“Agradecemos o gesto corajoso de Lula, que em sua ação lava a alma dos palestinos e daqueles que ainda tem alguma humanidade e decência de reconhecer a magnitude da tragédia humanitária que vivemos neste momento”, afirmou a nota.
O documento se refere ao que o presidente brasileiro disse durante uma coletiva realizada neste domingo (18/02), na Etiópia. “O que está acontecendo hoje com o povo palestino não tem precedentes na história do mundo. Na verdade, houve um momento em que Hitler decidiu matar os judeus”, comentou o mandatário.
Em outro trecho do comunicado, a Fepal afirma que “a Causa Palestina é hoje o epicentro da luta anticolonial no mundo. Lula reafirma sua posição como liderança do Sul Global e desafia o Norte Imperial, e cada vez menos global, na licença concedida por este ao genocídio que Israel promove na Palestina”.
“A grandeza de Lula não está só na coragem de dizer o óbvio, mas também no timining! Israel está prestes a invadir Rafah, extremo sul de Gaza e que abriga mais de 1,5 milhões de palestinos em tendas. Ao mesmo tempo, o maior campo de refugiados da história, um campo de concentração gigantesco e em vias de se tornar o maior campo de extermínio já visto. Nesse contexto, Lula joga os holofotes e muita pressão internacional em Netanyahu em um momento-chave da história e do genocídio palestino, o primeiro televisionado, testemunhado por bilhões de pessoas nas telas de TV, computadores e celulares, páginas de jornais e revistas, na locução de rádios, púlpitos e praças públicas”, acrescenta a nota.
A Fepal também lembra que, em 135 dias de ofensiva militar em Gaza, as forças militares de Israel já produziram mais de 29 mil mortes civis, além dos cerca de 8 mil corpos desaparecidos sob escombros, elevando o total de vítimas estimadas em mais de 37 mil civis. “Isso representa 1,68% da população de Gaza”, lembra a nota, considerando que a população total do território palestino é de 2,3 milhões de pessoas.
Rafa Neddermeyer / Agência Brasil
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Leia a íntegra da nota da Fepal:
Lula tem razão e o mundo o apoia em sua denúncia do genocídio de “israel” na Palestina
O presidente Lula logrou êxito ao comparar o genocídio palestino com o holocausto euro-judeu e as políticas da Alemanha nazista na Europa.
O presidente Lula logrou êxito ao comparar o genocídio palestino com o holocausto euro-judeu e as políticas da Alemanha nazista na Europa. Nós da FEPAL agradecemos o gesto corajoso de Lula, que em sua ação lava a alma dos palestinos e daqueles que ainda tem alguma humanidade e decência de reconhecer a magnitude da tragédia humanitária que vivemos neste momento.
E tem implicações internacionais importantíssimas.
O sionismo é uma ideologia genocida, colonial, supremacista e que impetra um apartheid sobre os palestinos. Suas táticas são tão violentas quanto as práticas nazistas e segue à risca a cartilha das ideologias supremacistas que o mundo conhece e condena. Lula, nesse sentido, ao compreender a magnitude da tragédia que Gaza vive hoje, relaciona ao infeliz acontecimento do holocausto.
Portanto, nos debruçamos à tal comparação para trazer em números uma triste realidade: o genocídio que “israel” faz na Palestina não tem precedente histórico. Basta ver os números.
Em 135 dias de genocídio (18/02/2024) na Palestina:
– Mortos: 29.398 e 8 mil corpos desaparecidos sob escombros. Total: 37.398 palestinos assassinados. Isso representa 1,68% da população de Gaza.
Aplicada porcentagem equivalente:
Em 135 dias, no mundo seriam 136 milhões de mortos em 135 dias; Na Europa, 12,6 milhões; No Brasil, cerca de 3,4 milhões de assassinados.
Nessa escala de extermínio, em 6 anos, duração da Segunda Guerra Mundial, seriam:
– 2,3 bilhões de mortos no mundo.
– 214 milhões de mortos na Europa, 3 vezes mais que na Segunda Guerra Mundial.
– 58,5 milhões de mortos no Brasil.
Falando apenas de crianças, “israel” mata, proporcionalmente, no mínimo 236 vezes mais crianças que a Segunda Guerra Mundial.
Se os números não te bastam, puxe na memória os horrores que viu em Gaza. “israel” mata em escala industrial. Uma população miserável, indefesa e composta por 73% de refugiados da Nakba entre 1947 e 1951. Factualmente, não há precedente histórico para tamanho horror. A comparação de Lula é óbvia para quem tem o mínimo de honestidade intelectual. O genocídio palestino é, factualmente, igual ou pior que holocausto euro-judaico.
No entanto, a grandeza de Lula não está só na coragem de dizer o óbvio, mas também no “timining”! “israel” está prestes a invadir Rafah, extremo sul de Gaza e que abriga mais de 1,5 milhões de palestinos em tendas. Ao mesmo tempo, o maior campo de refugiados da história, um campo de concentração gigantesco e em vias de se tornar o maior campo de extermínio já visto. Nesse contexto, Lula joga os holofotes e muita pressão internacional em Netanyahu em um momento-chave da história e do genocídio palestino, o primeiro televisionado, testemunhado por bilhões de pessoas nas telas de TV, computadores e celulares, páginas de jornais e revistas, na locução de rádios, púlpitos e praças públicas.
A falta de condenação internacional, principalmente dos aliados ocidentais de Netanyahu, às declarações de Lula, escancaram o isolamento internacional de “israel” e dão ao presidente brasileiro apoio, no mínimo, tácito.
Em última instância, o gesto de Lula pode ter freado – ou ao menos retardado – a invasão a Rafah. Isso é gigantesco.
A Causa Palestina é hoje o epicentro da luta anticolonial no mundo. Lula reafirma sua posição como liderança do Sul-Global e desafia o Norte-Imperial e cada vez menos global na licença concedida por este ao genocídio que “israel” promove na Palestina.
Lula pode e deve ir além: romper laços diplomáticos, suspender acordos de cooperação e liderar o Sul Global em uma campanha de Boicote, Desinvestimento e Sanções a “israel”. Sob o bastião de Lula, o Brasil e o Sul Global podem fazer cessar o genocídio palestino. Lula e o Brasil têm prestígio, relevância e força internacional para isso.
Podemos imaginar que se houvesse ao menos um Lula nos idos de 1939, talvez a Alemanha nazista tivesse sido parada muito antes e seus crimes, incluindo o holocausto euro-judaico não tivesse acontecido. O silêncio dos que se acovardaram diante de Hitler não é o de Lula hoje diante do holocausto palestino.
Lula tem razão. O genocídio palestino é perfeitamente comparável ao holocausto euro-judaico e deve cessar imediatamente.
Palestina livre do apartheid a partir do Brasil, dia 19 de fevereiro de 2024.