Saleh al-Arouri e seis outros comandantes do Hamas foram mortos na noite de terça-feira (02/01) no ataque contra um escritório do movimento palestino nos subúrbios ao sul de Beirute, reduto do Hezbollah libanês.
Os caixões de Saleh al-Arouri, de Azzam al-Aqraa, líder da ala militar do Hamas, das Brigadas Ezzedine al-Qassam, e de Mohammad al-Raïs, outro líder do movimento, foram cobertos com bandeiras palestinas e do Hamas.
Uma metralhadora foi colocada em cada um deles durante a oração, numa mesquita num bairro operário de Beirute, segundo um jornalista da AFP.
Entre tiros, o cortejo fúnebre seguiu em direção ao campo de refugiados palestinos de Shatila, onde os três homens foram enterrados.
Cantando “Allah Akbar” (Deus é maior), os participantes agitaram a bandeira verde do Hamas e as bandeiras da Palestina e da Jihad Islâmica Palestina.
“Abu Obeida, bombardeie Tel Aviv”, repetiam os participantes do cortejo ao porta-voz do braço militar do Hamas em Gaza, que se tornou famoso pelo emblemático keffiyeh, o tradicional lenço quadrado dobrado e usado em volta da cabeça, pelos homens no Oriente Médio, que esconde seu rosto em cada aparição pública.
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Embora o Hamas e o grupo político libanês Hezbollah tenham imediatamente culpado Israel, nenhum grupo assumiu a responsabilidade
Manobra fracassada
“O assassinato de Saleh al-Arouri ou de qualquer outro palestino é uma manobra fracassada, porque a resistência dará origem a novos líderes”, disse à AFP Omar Ghannoum, um palestino de 35 anos. Ele foi ao funeral “para denunciar o genocídio em curso em Gaza e a violação da soberania libanesa pelo Exército israelense”.
“O inimigo pensa que com o assassinato de Saleh al-Arouri pode derrotar a resistência e impor suas condições”, “mas falhou e nunca será capaz de pressionar o Hamas a abandonar suas exigências, sua visão e sua estratégia “, garantiu, num discurso gravado e transmitido à multidão, o líder político do Hamas, Ismaïl Haniyeh, radicado no Catar.
Várias figuras do Hamas no exílio estão estabelecidas no Líbano, sob a proteção do Hezbollah, seu aliado.
Israel prometeu “destruir” o Hamas após o ataque do movimento islâmico palestino em seu território em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos.
As operações israelenses realizadas em retaliação em Gaza desde então custaram a vida de mais de 22 mil palestinos, segundo o Ministério da Saúde palestino.
Desde o início da guerra, confrontos quase diários também colocaram o Hezbollah e seus aliados contra Israel, mas até agora estavam limitados ao sul do Líbano.
O ataque de terça-feira (02/01) é o primeiro desde 7 de outubro nos arredores da capital libanesa. Israel, que não o reivindicou, foi imediatamente responsabilizado pelo Hamas, pelo Hezbollah e pelo governo libanês. Um oficial de defesa norte-americano também indicou na quarta-feira (03/01) que se tratava de fato de um “ataque israelense”.
(*) Com informações da AFP