Em entrevista à RFI, a relatora especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, , conta que a situação “é muito violenta, sob todos os pontos de vista”.
“Recebemos queixas direta ou indiretamente, ou seja, também através de advogados que trabalham na área dos direitos humanos na Palestina, relacionadas com tortura, ameaças sexuais e estupro”, afirma Albanese, sem entrar em detalhes porque as vítimas e testemunhas correm riscos ao relatar os casos.
Especialistas da ONU relataram, em 19 de fevereiro, acusações de violência, especialmente sexual, contra mulheres e meninas palestinas em Gaza e na Cisjordânia, atribuídas às forças israelenses. Eles exigiram uma “investigação independente e imparcial” e pressionaram Israel a cooperar.
Desumanização dos palestinos
De acordo com Albanese, a tortura e os maus-tratos de prisioneiros palestinos em Israel parece ocorrer de maneira sistemática, mas depois de 7 de outubro a situação atingiu proporções preocupantes.
Hadi Mohammad/Wikimedia Commons
Mulheres reagem depois que seu prédio foi atingido por um ataque em Rafah, sul da Faixa de Gaza, em 8 de fevereiro de 2024
“Já havia uma forte desumanização dos palestinos antes do 7 de outubro. Mas esta data, o Exército israelense abandonou todas as restrições. Centenas de mulheres foram capturadas em Gaza entre os 3.000 prisioneiros, especialmente quando o Exército israelense entrou no norte de Gaza. Porque consideram terroristas todas as pessoas que não obedeceram à ordem de evacuação forçada”, explica.
“Entre as mulheres que foram presas ou detidas, estavam médicas, enfermeiras, jornalistas, ninguém foi poupado. Elas foram expostas, submetidas a revistas corporais por soldados homens. Não é normal”, disse.
“Há casos em que mulheres foram obrigadas a assistir à execução de suas famílias. Quando foram presas, foram fotografadas, às vezes nuas, em posições muito degradantes. Houve muitas reclamações, ameaças de estupro, como: 'vamos estuprar você, suas irmãs e sua mãe', etc. Mas também houve estupros. Isso não é algo que acontece apenas com as mulheres. Existem também situações de violação contra homens”, relatou afirmando que a situação é grave e por isso pedem uma investigação.