Um informe do Alto Comissionado de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), publicado nesta segunda-feira (19/02), solicitou formalmente a realização de uma investigação independente sobre denúncias de violência, incluindo violência sexual, contra mulheres palestinas perpetradas por soldados israelenses em meio à ofensiva militar na Faixa de Gaza, que já dura mais de quatro meses.
Os especialistas expressaram preocupação com “denúncias críveis de graves violações aos direitos humanos” contra mulheres palestinas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. No relatório divulgado, há relatos de que mulheres e meninas foram “executadas arbitrariamente em Gaza, muitas vezes com membros das suas famílias, incluindo os seus filhos”.
“Estamos chocados com relatos de mulheres e crianças palestinas que foram deliberadamente executadas ilegalmente” enquanto essas pessoas “buscavam refúgio ou fugiam”, disseram.
Os peritos também apontam para a “detenção arbitrária de centenas de mulheres e jovens palestinas”, incluindo defensores dos direitos humanos e jornalistas, desde o início da ofensiva militar em Gaza.
No grupo de peritos independentes que realizou o estudo estava a relatora especial sobre a violência contra mulheres e meninas, Reem Alsalem, e investigadora especial sobre a situação dos direitos humanos nos territórios palestinos, Francesca Albanese.
Outro tema destacado do documento foi o dos registros de agressões sexuais contra mulheres e meninas palestinas que eram mantidas presas por soldados. Os casos incluem situações em que palestinas eram forçadas a ser despir e revistadas por oficiais homens.
Monitor do Oriente Médio
O relatório também apresenta casos de mulheres submetidas a “tratamento desumano e degradante devido à falta de acesso a alimentos, remédios e outros produtos básicos, como absorventes”. Há ao menos um registro de mulheres que chegaram a ser mantidas em uma jaula e deixadas sem comida por ação dos soldados israelenses.
“Pelo menos duas mulheres palestinas que eram mantidas prisioneiras teriam sido estupradas, enquanto outras foram ameaçadas de estupro e violência sexual”, disseram os especialistas, acrescentando que fotos de mulheres detidas em “circunstâncias degradantes” também teriam sido tiradas por soldados israelenses e divulgadas na Internet.
Outra preocupação se refere ao número significativo de mulheres e crianças palestinas, incluindo meninas que teriam desaparecido após contato com o exército israelense em Gaza.
“Lembramos ao Governo de Israel a sua obrigação de defender o direito à vida, segurança, saúde e dignidade das mulheres e meninas palestinas e de garantir que ninguém seja sujeito a violência, tortura, maus-tratos ou tratamento degradante, incluindo abuso sexual”, afirma o relatório.
Na conclusão, os especialistas pedem “uma investigação independente, imparcial, rápida, completa e eficaz sobre as denúncias”, e também solicitam a cooperação de Israel para tal apuração.
Por sua parte, o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu reagiu ao relatório afirmando que as informações nele contidas são “desprezíveis e infundadas”.