Em um conjunto de vídeos publicados por rede social pelo Festival de Literatura da Palestina (Palfest), neste sábado (13/01), grandes estrelas de Hollywood e de famosas séries norte-americanas, como Game of Thrones, declararam solidariedade à causa palestina.
A mobilização aconteceu exatamente dois dias após o encaminhamento da denúncia sul-africana à Corte Internacional de Justiça (CIJ), sediada em Haia, na Holanda. No total, 29 atores reforçaram repúdio às ações israelenses ao lerem publicamente trechos do dossiê de 84 páginas que foi apresentado no mais alto tribunal das Nações Unidas (ONU).
Entre os talentos de relevância internacional que endossam o texto sul-africano – que acusa Israel pelo ‘genocídio’ cometido contra os palestinos – estão os britânicos Stephen Dillane, Maxine Peake, Maisie Richardson Sellers e Harriet Walter, incluindo o nome de roteiristas e diretores premiados, como Steve Coogan.
Do elenco de Game of Thrones, Liam Cunningham, Charles Dance e Lena Headey condenaram publicamente as ações lideradas por Tel Aviv no território palestino.
Outros atores e artistas norte-americanos também colocaram seus nomes, como Kathleen Chalfant, Cynthia Nixon, Indya Moore, Tunde Adebimpe, Gbenga Akinnagbe, Susan Sarandon, Wallace Shawn e Morgan Spector.
Vale lembrar que Sarandon, vencedora do Oscar, é uma das estrelas de Hollywood mais conhecidas no cenário internacional que tem falado consistentemente sobre a situação dos palestinos. Por seu posicionamento em relação à guerra, a atriz foi perseguida e, em novembro, chegou a ser dispensada de sua própria agência após comentários que fez durante um comício pró-Palestina, em Nova York.
Entre outros figuras da grande indústria de entretenimento ocidental, estão os atores de The Crown, Khalid Abdalla e Tobias Menzies; Paapa Essiedu, de I May Destroy YouArrested DevelopmentOmar que foi indicado ao Oscar.
Clause 3: On the obligations of State parties to the Genocide Convention. pic.twitter.com/tMdwEPhwV6
— Palestine Festival of Literature (@PalFest) January 12, 2024
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Intérpretes dos personagens Lord Tywin Lannister e Cersei Lannister, de Game of Thrones, leem trechos da denúncia sul-africana contra Israel
Compartilhados individualmente em rede social, em pouco mais de um dia, os vídeos viralizaram e acabaram sendo vistos por cerca de 13 milhões de pessoas.
O Festival de Literatura da Palestina é uma iniciativa cultural comprometida em criar atividades públicas e gratuitas para combater o colonialismo no século 21. O evento, que ocorre anualmente em todas as cidades do território palestino, foi criado por um grupo de figuras culturais internacionais reunidas pelo seu fundador, Ahdaf Soueif, em 2008.
Denúncia de genocídio
Na última quinta-feira (11/01), a África do Sul, com apoio de líderes da comunidade internacional, formalizou um documento que acusa o governo de Israel de ‘genocídio’ contra os palestinos, em um conflito bélico que já dura mais de três meses. A denúncia foi encaminhada à Corte em Haia, principal órgão judicial da Organização das Nações Unidas (ONU), para análise.
O texto pede que a CIJ declare que o governo israelense violou a Convenção para Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio durante os ataques contra o grupo de resistência palestina Hamas, na Faixa de Gaza.
“Nenhum ataque armado ao território de um Estado pode fornecer uma justificativa ou defesa” para atos de genocídio, afirmou o ministro da Justiça Ronald Lamola, acrescentando que “a resposta de Israel ao ataque de 7 de outubro de 2023 ultrapassou a linha”.
Por outro lado, no segundo dia de audiência, os representantes israelenses voltaram a reafirmar a tese do ‘direito de autodefesa’ usada ao longo da guerra como prerrogativa para avançar as operações militares em território palestino e rebateram as acusações sul-africanas ao chamarem de “panfleto”, alegando distorção de conteúdo.
No entanto, as mais de 24 mil mortes e dezenas de milhares de feridos confirmados pelo Ministério da Saúde de Gaza, nesta segunda-feira (15/01), são reflexo das ações das forças israelenses que seguem lançando ofensivas diárias por comando das autoridades de Tel Aviv.
Dentro de algumas semanas, os 17 juízes presentes na Corte devem decidir se concederão, ou não, a decisão de emergência solicitada pela África do Sul para proteger os palestinos dos ataques israelenses.