A reunião do Conselho de Segurança da ONU, realizada neste domingo (14/04), terminou em fiasco, já que os 15 membros não conseguiram produzir sequer uma declaração final sobre o tema em discussão: o ataque com mísseis e drones realizadas Forças Armadas do Irã contra alvos no território israelense, ocorrido neste sábado (13/04).
De acordo com o canal Al Jazeera, do Catar, o principal ponto de divergência foi a postura de Israel, país que solicitou esta reunião de emergência do Conselho de Segurança, mas que possui um histórico recente de desrespeito às decisões desta que é a principal instância dentro da Organização das Nações Unidas (ONU).
O bloco que promoveu as principais críticas a Israel foi liderado por dois países do BRICS: Rússia e China. O representante russo na ONU, Vassily Nebenzia, foi o primeiro em mostrar apoio ao discurso do Irã de que o ataque deste sábado foi uma retaliação ao atentado realizado por Israel no dia 1º de abril contra o complexo diplomático iraniano em Damasco, capital da Síria, que terminou com a morte de alguns oficiais militares de Teerã, incluindo o general Mohammad Reza Zahedi.
Nebenzia recordou que a Rússia convocou uma reunião de emergência do Conselho de Segurança, que aconteceu no dia seguinte ao atentado, mas que “infelizmente, naquela ocasião, os países do Ocidente bloquearam uma resolução condenatória a uma violação direta e óbvia do direito internacional, à Convenção de Viena, que proíbe agressões contra instalações diplomáticas”.
Segundo os diplomatas russos, a impunidade a Israel naquele caso foi um dos motivos que levaram à reação do Irã neste sábado. “Agora querem a condenação do Irã por atacar Israel, mas há duas semanas atrás, quando o Irã foi atacado, a reação foi outra, e esse é um caso claro de duplo padrão que não favorece o diálogo”, afirmou o representante de Moscou, em uma clara alusão aos representantes do Ocidente, Estados Unidos, França e Reino Unido, segundo a Al Jazeera.
Por sua parte, os representantes da China na ONU criticaram o fato de que Israel, país que convocou a reunião e que exigia uma resolução condenatória ao Irã, não acatou uma resolução desse mesmo Conselho de Segurança que exigia um cessar-fogo na Faixa de Gaza, território palestino que vem sendo assolado por uma ofensiva militar israelense que já dura seis meses e já causou a morte de mais de 33 mil civis.
Para a China, os ataques recíprocos entre Israel e Irã “são uma consequência mais do conflito em Gaza, que precisa ser freado antes que envolva mais países da região, e os acontecimentos das últimas horas mostram que essa ameaça é bastante real”.
Finalmente, os representantes do Irã na ONU, que participaram extraordinariamente da reunião do Conselho, alegaram que o ataque deste sábado foi “inteiramente no exercício do direito inerente do Irã à autodefesa”.
De acordo com a Al Jazeera, o Irã também repudiou o que descreveu como “comportamento hipócrita) dos Estados Unidos, França e Reino Unido, que bloquearam a resolução contra o atentado promovido por Israel à embaixada iraniana em Damasco, no dia 1º de abril.
Postura de Israel
Em sua apresentação, o embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, comparou o líder do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, a Adolf Hitler, e fez três exigências aos membros do Conselho de Segurança: uma resolução condenatória ao Irã pelo ataque deste sábado, a imposição de novas sanções ao país islâmico e a declaração das Forças Armadas Iranianas como “organização terrorista”.
“Deixei claro aqui que o Irã e as suas ambições hegemônicas de domínio global têm de ser freados, antes que conduzam o mundo a um ponto sem retorno, a uma guerra regional que pode escalar para uma guerra mundial”, afirmou o representante de Tel Aviv, segundo a Al Jazeera.
O principal apoio à israelense veio dos representantes dos Estados Unidos, que defenderam uma “condenação firme e veemente aos ataques do Irã”.
Diante da crítica de que não houve apoio norte-americano a uma resolução contra Israel após o atentado em Damasco, Washington alegou que carece de provas concretas do envolvimento do governo sionista de Benjamin Netanyahu com o ocorrido na capital da Síria.