O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, declarou nesta quinta-feira (22/02) que, em unanimidade, os países do G20 expressaram apoio pela “abertura imediata de um acesso humanitário em Gaza que leve a um cessar-fogo” e defenderam a solução de dois Estados como “única alternativa possível” para o conflito entre Israel e Palestina.
O anúncio foi dado no encerramento dos trabalhos da reunião de chanceleres do G20, grupo formado pelas maiores economias do mundo, que foi realizada no Rio de Janeiro (RJ) entre quarta-feira (21/02) e esta quinta.
“Foi expressa, unanimemente, a necessidade de uma solução de dois Estados como a única possível para o conflito”, afirmou o ministro brasileiro, acrescentando que diversas nações do organismo multilateral expressaram “preocupação com o conflito na Palestina, tendo em vista o risco de alastramento aos países vizinhos”.
Vieira também mencionou o deslocamento forçado “de mais de 1.1 milhão de palestinos para o sul da Faixa de Gaza” para se referir à mais recente operação militar anunciada pelas autoridades israelenses sobre a cidade de Rafah, localizada no sul do enclave: “muitos se posicionaram contrariamente”.
O representante brasileiro classificou as duas sessões, realizadas em dois dias, como “muito produtivas”, destacando que as atenções se voltaram às “tensões geopolíticas atuais” nas quais se destrinchou o papel do G20 em relação aos principais conflitos globais em curso, incluindo o da Palestina e o da Ucrânia.
O encontro no Rio de Janeiro se trata da primeira ministerial sob a nova presidência brasileira do bloco que reúne as maiores economias do mundo. O evento contou com a participação de 45 delegações, entre países membros, países convidados e organizações internacionais, sendo 32 delegações chefiadas em nível ministerial.
Em setembro, uma segunda reunião com os chanceleres do G20 será realizada na própria sede das Nações Unidas, em Nova York. O evento acontecerá às margens da abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, e será aberto tanto para os países do grupo econômico como também para os membros das próprias Nações Unidas.
Reprodução/Itamaraty
Países do G20 defendem solução de dois Estado para fim da guerra em Gaza
Três prioridades do Brasil
Sob a liderança de Vieira, as três prioridades definidas pelo Brasil no organismo multilateral foram: inclusão social e combate à fome e à pobreza; promoção do desenvolvimento sustentável; e reforma das instituições da governança global.
O ministro afirmou que os países entraram em consenso com relação ao combate à desigualdade e fome, e que pretendem oferecer “respostas e iniciativas concretas” contra o problema. Além disso, “todos concordaram” com a necessidade de uma reforma na governança global.
“Todos concordaram que organizações como ONU, OMC e FMI, entre outras, precisam de reforma para se adaptarem aos desafios do mundo atual. Todos mencionaram necessidade de mudanças no Conselho de Segurança, principalmente a inclusão de novos membros permanentes e não permanentes, sobretudo América Latina e Caribe e África”, informou ele.
Vieira ainda defendeu que os bancos internacionais e o Fundo Monetário Internacional (FMI) precisam facilitar o acesso a financiamento aos países mais pobres, assim como aumentar a representatividade do mundo em desenvolvimento em sua governança.