O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou neste sábado (21/10) durante a cúpula convocada pelo Egito para discutir o conflito entre Israel e Hamas, que a “simples gestão do conflito não é uma alternativa aceitável” e que a paralisia do Conselho de Segurança da ONU está trazendo consequências para a vida de milhões de pessoas.
Segundo o diplomata, que foi ao encontro representando o presidente Lula, o Brasil não vai poupar esforços para buscar um consenso multilateral para a tomada imediata de ações.
“No dia 24 de outubro, presidirei o debate aberto trimestral do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação do Oriente Médio, incluindo a questão palestina. Sugiro que continuemos essa conversa, no mais alto nível possível, na tentativa de continuar buscando consenso para uma ação imediata. A paralisia do Conselho de Segurança traz consequências prejudiciais para a segurança e a vida de milhões de pessoas. Isto não é do interesse da comunidade internacional”, afirmou em seu discurso no Cairo.
O ministro reforçou ainda que a situação em Gaza é de extrema preocupação, mas que o Brasil seguirá apelando ao diálogo.
“Considerando que sempre haverá aqueles dispostos a colocar lenha na fogueira, o Brasil irá apelar ao diálogo”, disse o chanceler.
A fala de Mauro Vieira ocorre três dias após os Estados Unidos vetarem uma proposta de resolução do Brasil sobre o conflito no Conselho de Segurança da ONU que condenava toda violência e hostilidade contra civis e previa, dentre outras medidas, o estabelecimento de pausas no conflito para permitir a ajuda humanitária para a população na Faixa de Gaza. Em seu discurso, Vieira lamentou a decisão do Conselho de Segurança, sem citar expressamente os EUA.
Twitter/Itamaraty Brasil
Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, em discurso na cúpula convocada pelo Egito
“Deixem-me ser claro: há um amplo apelo político à abertura de pausas humanitárias urgentemente necessárias, ao estabelecimento de corredores humanitários e à proteção dos trabalhadores de serviços humanitários”, destacou.
De acordo com o Itamaraty, o encontro no Cairo é a primeira discussão sobre um processo de paz depois da tentativa de aprovação da resolução brasileira no Conselho de Segurança da ONU. Além de Brasil e Egito, participam da cúpula representantes de Jordânia, Catar e Turquia, de outros países do Oriente Médio e da Europa.
Além de citar os esforços brasileiros e fazer um apelo para adoção de medidas mais imediatas, o ministro brasileiro reforçou a importância de se encontrar uma solução de longo prazo para o Oriente Médio e citou a proposta de criação de um estado palestino em Gaza.
“Mais adiante, temos de encontrar formas de revitalizar o processo de paz, de fazer avançar as negociações políticas no sentido de uma paz abrangente, justa e duradoura no Oriente Médio. A simples gestão do conflito não é uma alternativa aceitável. Só a retomada de negociações eficazes poderá trazer resultados concretos para a implementação da solução de dois estados, em conformidade com todas as resoluções relevantes da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança da ONU, com Israel e a Palestina vivendo em paz e segurança, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e reconhecidas internacionalmente”, completou.