Crise diplomática com o governo israelense começou após o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticar os ataques no enclave palestino e dizer que algo semelhante só ocorreu durante a Segunda Guerra quando Hitler comandou o Holocausto.
O perfil oficial de Israel no X (antigo Twitter) publicou nesta terça-feira (20/02) que o presidente Lula negou o Holocausto após ele ter comparado as mortes na Faixa de Gaza à matança de judeus na Segunda Guerra Mundial. A declaração do petista, feita no último domingo (18/02), desencadeou uma crise diplomática com o governo israelense, e Lula foi considerado persona non grata pelo governo de Netanyahu.
Before or after @LulaOficial went full on Holocaust denier? https://t.co/lI5tuLLL3o
— Israel ישראל ?? (@Israel) February 20, 2024
Na rede social, o perfil de Israel, administrado pelo Ministério das Relações Exteriores do país, mencionou outra publicação que dizia: “O que vem à sua cabeça quando você pensa no Brasil?”. Como resposta, a página respondeu: “Antes ou depois de Lula negar o Holocausto?”.
Ministro brasileiro denuncia fake news
O ministro da Secom, Paulo Pimenta, manifestou-se em seus perfis nas redes sociais. Disse que o chanceler israelense Israel Katz “distribui conteúdo falso atribuindo ao presidente Lula opiniões que jamais foram ditas por ele”. O perfil do governo de Israel é administrado pelo Ministério de Relações Exteriores, comandado por Katz.
O chanceler de Israel, @Israel_katz , distribui conteúdo falso atribuindo ao Presidente @LulaOficial opiniões que jamais foram ditas por ele. Em nenhum momento o presidente fez críticas ao povo judeu, tampouco negou o holocausto. Lula condena o massacre da população civil de Gaza…
— Paulo Pimenta (@Pimenta13Br) February 20, 2024
PR/Ricardo Stuckert
Criticado por comparar ataques de Israel na Faixa de Gaza às ações de Hitler, Lula não disse que não houve o massacre de judeus na 2ª Guerra
O presidente da República, fez a declaração ao classificar como “genocídio” as ações militares perpetradas por Israel na Faixa de Gaza e criticou os cortes na ajuda humanitária à Palestina anunciado nas últimas semanas por diversos países.
A trágica ironia é que a declaração de Lula apenas confirma o que os políticos israelenses têm dito nos últimos meses, e cujas declarações foram citadas como evidência na audiência de genocídio da Corte Internacional de Justiça (CIJ) no mês passado. As próprias autoridades israelenses e os principais generais pediram abertamente o genocídio em Gaza, prometendo transformar a faixa sitiada em Auschwitz e Dresden, e até mesmo comemorando essas atrocidades.
Em outubro do ano passado, um ex-membro e vice-presidente do Knesset exigiu: “Há uma e somente uma solução, que é destruir completamente Gaza antes de invadi-la… Refiro-me à destruição como foi feita em Dresden e Hiroshima, sem uma arma nuclear”.
Em novembro, o ministro israelense da economia, Nir Barkat, disse: “Não me lembro da Grã-Bretanha ou dos Estados Unidos, no final da Segunda Guerra Mundial, bombardeando Dresden, pensando nos moradores”.
Em dezembro, uma autoridade israelense exigiu que Gaza fosse “completamente arrasada, como em Auschwitz”.