Sábado, 19 de julho de 2025
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A porta-voz da Agência das Nações Unidas para Refugiados da Palestina (UNRWA) afirmou à emissora catari Al Jazeera, neste sábado (23/03), que a decisão dos Estados Unidos de suspender o financiamento ao órgão humanitário implica ainda mais na desestabilização da Faixa de Gaza.  

A preocupação de Tamara Alrifai foi manifestada após a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos ter aprovado, nesta madrugada, um projeto de lei de financiamento no valor de US$ 1,2 trilhão que proíbe o repasse à agência, até março de 2025, em meio ao catástrofe humanitário presente no enclave palestino, segundo o veículo.

A decisão foi celebrada pelo ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, por meio de rede social, referindo-se à UNRWA como “parte do problema sem ser parte da solução”. A autoridade ainda incentivou “mais países a seguirem os Estados Unidos e proibirem o financiamento à organização”.

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Vale lembrar que a situação da UNRWA foi agravada após Israel propriamente ter alegado possível envolvimento de funcionários do organismo na primeira ofensiva do Hamas, em 7 de outubro de 2023, o que motivou diversos países doadores a suspenderem o envio de auxílio destinado aos palestinos.

“Se os Estados Unidos, nosso maior doador, não enviarem financiamento à UNRWA, criará uma enorme lacuna em nosso orçamento”, disse a porta-voz.

A UNRWA é a principal fornecedora de recursos básicos e necessidades em Gaza, destinando alimentos, serviços de saúde e educação para dois milhões de refugiados palestinos situados no território em meio às operações militares de Israel.

“Não é momento de desestabilizar ainda mais a região”, acrescentou Alrifai.

Twitter/UNRWA
Câmara dos EUA aprova corte de financiamento à UNRWA, agravando crise da agência no fornecimento de auxílio aos palestinos em Gaza

Acusação israelense contra funcionários da UNRWA

Na última semana de janeiro, Israel alegou que alguns funcionários da agência da ONU participaram da primeira ofensiva lançada pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023.

A reação da UNRWA diante da acusação israelense, junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi imediata. As autoridades da ONU se mobilizaram e abriram investigações dentro da agência destinada a refugiados. Na ocasião, dos 12 funcionários acusados, nove acabaram sendo demitidos.

No entanto, a denúncia israelense mobilizou diversos países ocidentais, incluindo os principais doadores, como os Estados Unidos, que decidiram bloquear repasses à UNRWA, gerando uma preocupação ainda maior por parte da agência, que já vinha relatando escassez de recursos e apelando por mais auxílio internacional.

Apoio à UNRWA

Apesar dos bloqueios, outros países reiteraram apoio ao órgão humanitário, incluindo o Brasil. Mais recentemente, nesta semana, a Arábia Saudita anunciou uma doação no valor de US$ 40 milhões (equivalente a cerca de 200 milhões de reais na cotação atual) à agência.

Conforme um comunicado divulgado pelo Centro de Ajuda e Assistência Humanitária Rei Salman, uma organização humanitária local, os repasses serão destinados a apoiar os “esforços de ajuda humanitária” do órgão em Gaza, fornecendo “alimentos a mais de 250 mil pessoas e tendas a outras 20 mil famílias”.

“É crucial suprir as necessidades desesperadas da população de Gaza, que está ameaçada pela fome, de acordo com a ONU”, afirmou o diretor do centro saudita, Abdallah al-Rabeeah.