O rei da Jordânia, Abdullah II, se reuniu neste domingo (07/01) com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, que realiza em Amã a terceira parada de sua nova viagem pelas regiões do Sudeste da Europa e do Oriente Médio.
No encontro, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos ouviu do monarca jordaniano que os países árabes estão insatisfeitos com a postura de Washington a respeito do conflito em Gaza e esperam uma atuação mais efetiva no sentido de pressionar Israel para que aceite um cessar-fogo em Gaza.
A ofensiva militar israelense ao território palestino completou três meses neste mesmo domingo, deixando um saldo de quase 23 mil civis mortos – 22,7 mil, segundo informe das autoridades de Gaza divulgado neste sábado (06/01) –, equivalentes a quase 1% da população total do território. Também se estima que 91% dos palestinos de Gaza se encontram vivendo em refúgios organizados por entidades humanitárias.
Durante a reunião bilateral, Abdullah II enfatizou que “o importante papel desempenhado pelos Estados Unidos no mundo o autoriza a pressionar por um cessar-fogo imediato em Gaza, proteger os civis e garantir a entrega de ajuda médica e humanitária”.
“As repercussões catastróficas da contínua agressão contra Gaza reforçam a necessidade de acabar com essa trágica crise humanitária”, afirmou um comunicado difundido pelo palácio real da Jordânia, horas depois do encontro entre as autoridades.
A declaração do rei da Jordânia ignora o fato de que Washington exerceu duas vezes seu veto no Conselho de Segurança, principal organismo dentro da Organização das Nações Unidas (ONU), e em ambos os casos essa ação buscou justamente impedir a aprovação de resoluções exigindo um cessar-fogo em Gaza.
Palácio Real da Jordânia
Antony Blinken se encontrou com o rei da Jordânia, Abdullah II, durante sua mais recente viagem ao Oriente Médio
Vale recordar que uma dessas resoluções foi apresentada pelo Brasil, em outubro passado, quando o país exercia a presidência do Conselho de Segurança.
A iniciativa contou com o apoio de 12 membros (Albânia, China, Emirados Árabes, Equador, França, Gabão, Gana, Japão, Malta, Moçambique e Suíça, além do próprio Brasil), duas abstenções (Reino Unido e Rússia), e apenas um rechaço, dos Estados Unidos, que usou seu poder de veto para impedir a aprovação da proposta mesmo contando com maioria avassaladora de votos.
Por sua parte, Antony Blinken afirmou que os Estados Unidos consideram “imperativo a maximização da assistência humanitária às pessoas em Gaza”, assegurou que sua viagem busca “trabalhar nos próximos dias para satisfazer essas necessidades”, mas evitou se comprometer com a tarefa de convencer Israel a interromper sua ofensiva militar ao território palestino.
Antes de passar por Amã, o secretário de Estado norte-americano esteve na Grécia e na Turquia, onde também realizou encontros com os chefes de Estado locais.
A próxima e última parada de Blinken deve ser em Israel, embora exista a possibilidade de uma visita à Cisjordânia, onde se encontraria com lideranças da Autoridade Nacional Palestina (ANP).