O chefe da missão palestina na União Europeia, Abdalrahim Alfarra, reconhece que o bloco tem “pouca simpatia pelos milhares de palestinos que morreram’ pelos bombardeios de Israel a Gaza, enquanto a solidariedade a Israel é comum. A informação é da Al Jazeera.
O representante também afirma que o bloco europeu é responsável por um “silêncio sobre o massacre dos habitantes de Gaza”, em especial após os ataques ao hospital Ahli Arab, que deixaram quase 500 mortos.
Alfarra mencionou que o silêncio da UE e dos Estados Unidos sobre o ocorrido foi “chocante”.
“Quando o hospital em Gaza foi bombardeado na noite de terça-feira (17/10), os líderes da UE reuniram-se para a uma cúpula a virtual, em que discutiram a sua posição sobre a guerra Israel-Hamas. Era esperado que a cúpula terminasse subitamente com os líderes condenando este atroz crime de guerra. Mas essa cúpula nem sequer fez uma declaração sobre o bombardeamento. Nem mesmo uma palavra”, disse ele.
O jornal catari menciona que a notícia do bombardeamento israelense ao hospital foi recebida pelas autoridades, que “reiteraram total solidariedade com o povo de Israel”, e defenderam seu direito de defesa. Apenas um minuto de silêncio foi feito em homenagem às vítimas dos dois lados no início da cúpula.
Diante do clima “sombrio” que a missão palestina em Bruxelas enfrenta, “Alfarra dedica o seu tempo a tentar sensibilizar os responsáveis da UE para as dificuldades que os civis palestinos enfrentam”.
Twitter/Ursula von der Leyen
Prédio da União Europeia homenageando Israel
“Conheci todo mundo aqui. Todos os políticos do Conselho, da Comissão e do Serviço de Ação Externa. Eu lhes disse: ‘Vocês choraram por Israel. Mas agora é hora de você se levantar e parar os crimes de guerra em Gaza”, instou o representante a Al Jazeera.
O embaixador aponta algumas vitórias, como o protesto contra a decisão da Comissão Europeia de cortar a ajuda a Palestina durante a primeira semana de guerra, que levou a organização em contornar o anúncio.
“Mas a UE pode demonstrar o seu verdadeiro poder no apoio a Gaza, pressionando Israel para permitir que esta ajuda humanitária entre na região. Eles precisam garantir a abertura de todas as passagens de fronteira e não apenas a passagem de Rafah de Gaza com o Egito”, disse Alfarra ao jornal.
O Ocidente e a propaganda israelense
Em sua entrevista a Al Jazeera, Alfarra reconheceu temer a forma que “os países do Ocidente caem na máquina de propaganda israelense e permanecem em silêncio sobre os crimes de guerra em Gaza”.
O assunto foi trazido à tona pelo representante ao lembrar do menino muçulmano e palestino de seis anos de idade e foi morto por um homem nos Estados Unidos.
“Precisamos de falar sobre como a máquina de propaganda israelita na Palestina levou ao assassinato do jovem palestino nos EUA”, disse ele ao afirmar que os países ocidentais se mantêm em silêncio sobre a situação porque dependem de Israel “para obter informações sobre a região”.