Durante uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (27/10), Saleh Hijazi, representante do Comitê Nacional Palestino do Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS), defendeu que “o embargo militar e de armas é crucial” para encerrar o genocídio que Israel está cometendo contra os palestinos.
“O embargo acontece em toda parte do mundo e faz parte do sistema de direito internacional quando um Estado viola os direitos humanos e para acabar com isso, você precisa acabar com esse apoio”, complementou Hijazi em resposta a Opera Mundi.
O representante do BDS também lembrou que a variação de sanções e boicotes é importante em meio ao apoio que países como os Estados Unidos, França e Reino Unido dedicaram a Israel no que chamam de guerra contra o Hamas. “Eles estão são parte dessa calamidade, desses crimes de lei internacional contra humanidade”, argumentou.
Hijazi ainda lembrou que a ação mais urgente no momento é o cessar-fogo, além da permissão para a ajuda humanitária entrar em Gaza e deixar “as pessoas consigam fôlego para poder enterrar seus mortos, checar as vítimas embaixo dos escombros”.
Os embargos e sanções são nossa prioridade, defende o representante, uma vez que Israel recebe apoio “para continuar com o seu regime de Apartheid e consegue levar adiante o genocídio”.
“Não deixar que eles continuem a receber armas e organizações, sociedades e países não apoiarem esses crimes contra a humanidade” é crucial, finalizou.
Movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS)/Twitter
Os embargos e sanções contra Israel são nossa prioridade, defende Saleh Al Amer
Acordos entre Brasil e Israel
Durante a coletiva, a requerente da Frente Parlamentar Mista pelos Direitos do Povo Palestino Fernanda Melchiona (PSOL-RS) e a professora de História Árabe da USP Arlene Clemesha também expuseram posicionamentos sobre a resistência palestina no Brasil e o não-apoio ao genocídio de Israel, em especial após o Comitê Nacional Palestino do BDS exigir que governo do presidente Lula revogue acordos de cooperação militar com Israel, assinadas durante o governo Bolsonaro.
Melchionna classificou como “muito grave” que a Câmara dos Deputados do Brasil tenha aprovado em 18 de outubro acordos de segurança, cooperação e tecnologia militar com Israel.
“Nós já estávamos vivendo 10 dias do massacre, já tínhamos visto o uso de fósforo branco, e desde o primeiro dia o corte da água, luz, eletricidade, entrada de alimentos. Nós já havíamos visto toda uma propaganda para evacuar Gaza, quando na verdade as pessoas estão indo para o Sul, que está sendo bombardeado. Essa barbárie que nós estamos vendo é um crime contra a humanidade. Nesse contexto muito grave e de urgência de mobilização pelo cessar-fogo, esse acordo, o PDL 554, foi votado”.
Segundo a deputada, outros projetos também foram votados, mas que não tratavam necessariamente sobre a indústria bélica.
Por sua vez, Clemesha apontou que apesar de não ter indicações oficiais de um aceno positivo dentro do governo Lula para a revogação dos acordos, “há muita movimentação dentro do Partido dos Trabalhadores que acham essa decisão urgente”.
Na análise da professora, os acordos “sinalizam de maneira contrária o que a política externa do Brasil e o presidente Lula dizem”, em especial após o mandatário reconhecer nesta semana que os ataques do exército israelense equivalem a um genocídio em Gaza.