Em comunicado divulgado na noite desta quarta-feira (01/11) no X (antigo Twitter) o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) descreveu os bombardeios do exército israelense ao campo de refugiados de Jabalia, no norte da Faixa de Gaza, como “cenas de carnificina” e apontou que crianças estariam entre as vítimas dos ataques que ocorreram por dois dias seguidos.
“As cenas de carnificina ocorridas no campo de Jabalia, na Faixa de Gaza, após os ataques de ontem e de hoje, são horríveis e aterradoras”, diz o comunicado que, na sequência, aponta que já teriam morrido o sido feridas cerca de 400 crianças por dia de conflito.
“Estes dois ataques seguem-se a 25 dias de bombardeios contínuos que resultaram alegadamente na morte de mais de 3.500 crianças – sem incluir as mortes de hoje – e em mais de 6.800 crianças alegadamente feridas. Isto significaria mais de 400 crianças mortas ou feridas por dia, durante 25 dias consecutivos. Isto não pode se tornar o novo normal.”
A Unicef reitera, na nota, um apelo por cessar-fogo humanitário imediato. De acordo com a entidade, os campos de refugiados, os assentamentos para deslocados internos e os civis que os habitam estão todos protegidos pelo Direito Internacional Humanitário (DIH). “As partes em conflito têm a obrigação de respeitá-las e protegê-las de ataques”, diz o texto.
Segundo o jornal O Globo, as Brigadas Al-Qassam, braço armado do Hamas, afirmaram na quarta que sete reféns morreram após ataque de Israel ao campo de refugiados na véspera. Entre as vítimas estão três pessoas “titulares de passaportes estrangeiros”. Ao todo, os bombardeios e incursões militares de Israel em Gaza já teriam deixado pelo menos 9 mil pessoas mortas na Faixa de Gaza. Do lado israelense o número de mortos desde o começo do conflito seria de cerca de 1,4 mil.
Twitter/United Nations
Cerca de 400 crianças morrem ou ficam feridas por dia pelos ataques de Israel à Faixa de Gaza
Pressão internacional
Na quarta-feira (01/11) o governo de Israel confirmou ter bombardeado pelo segundo dia consecutivo o campo de refugiados de Jabalia, uma região pobre que existe desde 1948 de cerca de 1,4 mil km² e na qual a maioria dos acampados depende de ajuda humanitária.
De acordo com as Nações Unidas, a região teria cerca de 116 mil refugiados, o que aumenta a pressão internacional sobre Israel. Na quarta, após a confirmação do segundo dia seguido de ataques, o secretário-geral da ONU, António Guterres se disse “horrorizado” com a situação e pediu respeito ao Direito Internacional, que proíbe ataques indiscriminados a alvos civis.
Em comunicado lido pelo porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, Guterres apelou às partes para que “respeitem o direito internacional”. O líder das Nações Unidas afirma condenar “nos termos mais duros qualquer assassinato de civis”.
Nas redes sociais, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos relatou que, “dado o elevado número de vítimas civis e a escala da destruição causada pelos ataques aéreos israelenses ao campo de refugiados de Jabalia, estamos seriamente preocupados que estes sejam ataques desproporcionais que possam constituir crimes de guerra”.
Israel, por sua vez, afirma que matou um chefe da unidade antitanques do Hamas no bombardeio e que o grupo ainda mantém 240 civis israelenses como reféns. Em comunicado nesta quinta, o porta-voz do Exército israelense, contra-almirante Daniel Hagari, afirmou que a ofensiva está ocorrendo “de acordo com o planejado”.
“As forças [israelenses] continuam a desmantelar as linhas de defesa do Hamas no norte de Gaza e a assumir o controlo das áreas centrais. (…) Continuamos defendendo ferozmente a nossa fronteira norte e atacando por ar ou por terra qualquer tentativa de atirar ou de se infiltrar em Israel.”