A invasão de manifestantes ao aeroporto da cidade russa de Makhachkala, capital do Daguestão, foi coordenada por um canal no Telegram que é administrado por “traidores e apoiadores de Bandera” na Ucrânia, acusou o chefe da República do Daguestão, Sergei Melikov, nesta segunda-feira (30/10).
De acordo com ele, não é a primeira vez que o governo local enfrenta tentativas de desestabilizar a situação do Daguestão e criar um protesto com “uso de técnicas proibidas”, como a fomentação de discórdia interétnica.
“Hoje (30/10) recebemos uma informação absolutamente confirmada e aberta de que o canal Utro Dagestana (Manhã do Daguestão) é administrado e regulado a partir do território da Ucrânia por traidores e apoiadores de Bandera, por aqueles que odeiam coisas que são sagradas para nós e que fazem parte da nossa vida por muitos anos”, disse Melikov.
O aeroporto foi temporariamente fechado na noite de domingo (29/10) após um grupo invadir a pista de voo em busca de cidadãos israelenses, que estavam pousando de um avião vindo de Tel Aviv, em Israel.
De acordo com as autoridades russas, foram registrados 150 manifestantes ativos. Até o momento, 60 já estão detidos sob suspeita de terem participado do ataque. Nove agentes da polícia local ficaram feridos nos confrontos com a multidão.
O Kremlin também acusa o ocorrido como resultado de interferência externa. “Os acontecimentos no aeroporto no Daguestão foram em grande parte resultado de interferência exterior, incluindo através da mídia”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, também nesta segunda.
Kremlin
Vladimir Putin presidirá uma reunião para discutir "tentativas ocidentais" que interfiram a Rússia
Com as imagens televisivas dos “horrores ocorridos na Faixa de Gaza”, é “muito fácil que pessoas mal intencionadas usem elas para provocar a situação”, lamentou.
Já a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, Maria Zakharova, acusou o governo ucraniano de desempenhar “um papel fundamental” na violência que eclodiu no aeroporto de Makhachkala, na República Russa do Daguestão. Segundo ela, o objetivo é “desestabilizar a Rússia”, provocando divisões étnico-religiosas.
Putin: “tentativa de semear discórdia entre muçulmanos e judeus na Rússia”
Em resposta à invasão, Vladimir Putin, presidente da Rússia, presidirá uma reunião na noite desta segunda-feira para discutir as “tentativas ocidentais de usar os acontecimentos no Oriente Médio para dividir a sociedade russa”, segundo o Kremlin.
Em comunicado, o presidente russo classificou o ocorrido como uma “tentativa de semear discórdia no país”: “considero o que aconteceu como uma tentativa de semear a discórdia entre os muçulmanos e os judeus da Rússia, que mantiveram boas relações de amizade e cooperação durante séculos”.
Até o momento, a Ucrânia não se pronunciou oficialmente em relação às acusações. No entanto, logo após o ocorrido, o presidente Volodymyr Zelensky, de credo judaico, considerou que os incidentes demonstraram “a cultura russa de ódio contra outras nações”.
(*) Com Sputnik News e ANSA.