O Brasil se absteve em uma votação da ONU feita durante a Assembleia Mundial da Saúde nesta quarta-feira (24/05). A Assembleia apresentou uma resolução condenando a agressão russa à Ucrânia, incluindo ataques a instalações de saúde. A resolução apresentada foi aprovada, porém o Brasil se uniu a outros 51 países em votos de abstenção.
Duas propostas foram votadas, uma ucraniana e outra russa, sobre o conflito em curso. O Brasil não apoiou nenhum dos textos e, ao votar, a instrução que o Itamaraty enviou para delegação brasileira foi de optar por abstenção.
No final da votação, foram 80 votos a favor, 9 contra e 52 abstenções. Ao lado do Brasil estiveram outros países do BRICS, como Índia e África do Sul. Já a China votou contra a resolução, ao lado de Cuba, Síria e Coreia do Norte. Países da América Latina votaram ao lado da Ucrânia, como Argentina, Chile e Colômbia.
Com isso, o Brasil reafirma sua neutralidade no tema da guerra, mesmo diante da enorme pressão dos EUA. O presidente Lula tem defendido internacionalmente a necessidade de abrir diálogo pela paz entre os dois países, enquanto uma maioria de países europeus rejeita qualquer conversação com o presidente russo Vladimir Putin.
Twitter/World Health Organization (WHO)
No final da votação, foram 80 votos a favor, 9 contra e 52 abstenções
“Não acreditamos que nenhuma dessas propostas vão contribuir para reduzir os níveis de violência contra profissionais de saúde ou reduzir os danos às instalações de saúde da Ucrânia […] Temos dúvidas de que vão melhorar o acesso à saúde para as populações afetadas”, disse a delegação brasileira ao justificar seu voto na assembleia, de acordo com a coluna de Jamil Chade no UOL.
O governo brasileiro ainda afirmou que entende que as regras da OMS autorizam a entidade a monitorar a situação de saúde em qualquer parte do mundo, “à luz de critérios técnicos e objetivos”, mas questionou a abordagem do tema pela instituição. Para o governo, temas como paz e segurança “têm seu próprio espaço para debate, como a Assembleia Geral da ONU, o Conselho de Segurança ou Conselho de Direitos Humanos e a Corte Internacional de Justiça”.
Em uma outra votação, dessa vez apresentada pela Rússia, o Brasil também optou por se abster. Na ocasião, Moscou apresentou uma contraproposta que reconhecia a emergência de saúde na Ucrânia, sem mencionar seu papel na guerra.
Essa moção foi rejeitada pela assembleia imediatamente após a primeira votação, por 62 votos a 13, com 61 abstenções e 41 países ausentes.