O alto representante da União Europeia para Política Externa, Josep Borrell, afirmou neste domingo (25/02) que “Putin ainda não venceu, mas pode fazê-lo, a Europa precisa acordar”.
A declaração foi dada em entrevista ao jornal espanhol El País, por ocasião do segundo aniversário da guerra na Ucrânia.
“Dois anos atrás, Putin iniciou uma guerra que ele pensava que poderia durar uma semana. Ele chegou a oito quilômetros do Parlamento de Kiev, mas foi rechaçado. Ele não ganhou a guerra, mas também não a perdeu”, destacou Borrell, que disse crer que o conflito “poderia ser decidido nos próximos meses”.
A noite da data que marcou dois anos de conflito entre Rússia e Ucrânia foi marcada por intensos combates. Segundo Kiev, militares russos dispararam mísseis, que foram derrubados no Mar Negro, e enviaram drones para diversas regiões do país entre a noite deste sábado (24/02) e a manhã deste domingo (25/02).
Após usar a derrota ucraniana em Avdeevka como motivo para pressionar Washington a liberar mais armas, Vladimir Zelensky busca agora a aprovação rápida de influentes parlamentares para uma nova assistência militar e financeira a Kiev. Atualmente, essa ajuda está suspensa na Câmara dos Representantes dos EUA devido à oposição republicana.
Sputnik/Konstantin Mikhalchevsky
Diminuição do apoio dos EUA e derrotas na linha da frente estão minando as forças de Kiev
Metade das armas ocidentais prometidas à Ucrânia estão sendo entregues com atraso, lamentou neste domingo (25/02) o ministro do país, em meio a um apelo para que os aliados ocidentais enviem mais armamento para que o país consiga conter o avanço da Rússia.
“Uma promessa não constitui uma entrega”, disse Rustem Umerov, durante um fórum organizado por ocasião do segundo aniversário do início da guerra. “E 50% dos compromissos não são cumpridos no prazo”, criticou.
No momento, o exército ucraniano enfrenta uma situação extremamente delicada na frente de batalha e, após quatro meses de combates violentos, foi derrotado pela Rússia sendo obrigado a abandonar a cidade de Avdiivka, no leste do país.
Queda no apoio
Nos Estados Unidos, congressistas republicanos, adversários do presidente democrata Joe Biden, bloqueiam há várias semanas um pacote de 60 bilhões de dólares para a Ucrânia. Na União Europeia, por sua vez, há atrasos na entrega de um mote de 1 milhão cartuchos de artilharia para a Ucrânia. Segundo Kiev, apenas 30% do material foi entregue até agora.
Nos últimos dias, o presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, insistiu com os aliados ocidentais para que enviem a ajuda prometida de maneira mais rápida. Ele pediu mais munições, sistemas de defesa aérea e aviões de combate.
“Sabem muito bem do que precisamos para proteger nossos céus, para reforçar nosso exército em terra, do que precisamos para apoiar e continuar nossos êxitos no mar. E sabem perfeitamente de que precisamos a tempo”, afirmou Zelenski durante uma reunião por videoconferência do G7, que reúne as principais potências ocidentais.
O presidente ucraniano disse ainda que os atrasos nas entregas de armamentos contribuíram para o fracasso da contraofensiva de Kiev no ano passado.
As previsões de vitória para a Ucrânia são raras, o próprio comandante-chefe das forças armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, ao Economist em novembro passado, afirmou que a guerra chegou a um “impasse e sem sinal de avanços”.
(*) Com ANSA