Em conversa com o chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, nesta sexta-feira (04/03), o presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou que as forças militares de Moscou tenham atacado cidades ucranianas.
Na ocasião, Scholz expressou preocupação com supostas vítimas civis dos bombardeios russos, cujas informações o chanceler teria sabido por meio de relatos e imagens. Putin, no entanto, negou que isso tenha ocorrido.
“Kiev e outras grandes cidades são grotescas propagandas falsas”, afirmou o Kremlin, em comunicado relatando o diálogo dos líderes.
Segundo Moscou, o presidente russo disse que seu país está aberto ao diálogo com Kiev, “assim como todos os que desejam a paz na Ucrânia”, sob condição de que as exigências russas sejam aceitas.
Entre as condições estabelecidas pela Rússia estão a classificação do status da Ucrânia como “não nuclear”, a “desnazificação” do país e o reconhecimento da península da Crimeia como território russo e da soberania dos territórios separatistas no leste ucraniano.
Parte das exigências já estavam presentes no documento sobre garantias de segurança enviado pela Rússia aos Estados Unidos e à Otan em dezembro de 2021, no âmbito de um diálogo diplomático entre as partes. As negociações no entanto não foram para frente, culminando na ofensiva militar russa em 24 de fevereiro.
Ainda de acordo com o Kremlin, Putin “expressou esperança de que os representantes da Ucrânia adotem uma posição razoável e construtiva na terceira rodada de conversações”. O próximo encontro entre as delegações de ambos os lados deve ocorrer neste fim de semana, segundo os negociadores de Kiev.
O chanceler alemão pediu ao líder russo nesta sexta que “cesse imediatamente todos os combates e permita o acesso humanitário às zonas de combate”. Ambos concordaram em voltar a falar em breve.
Kremlin/Reprodução
Encontro presencial entre os líderes ocorreu em 15 de fevereiro, no Kremlin, antes do início da ofensiva russa na Ucrânia
Sanções
Em um pronunciamento feito nesta sexta, Putin defendeu que a Rússia não tem relações – ou intenções – hostis com seus vizinhos. “Gostaria de aconselhá-los a não agravar a situação, a não impor nenhuma restrição”, declarou em referência a imposição de sanções contra seu país.
O mandatário russo enfatizou que seu país cumpre todas as suas obrigações com relação a acordos econômicos, no fornecimento de gás e petróleo a países europeus, e que continuará a cumpri-las no futuro. “Não vemos necessidade de agravar a situação ou piorar nossas relações. Todas as nossas ações, se surgirem, serão em resposta a algumas ações hostis contra a Federação Russa”, disse.
O líder também destacou que a Rússia continuará a trabalhar em projetos que aumentem a independência logística do país para continuar garantindo, segundo ele, boas condições à população.
Ele defendeu que o país que não quiser continuar com cooperação bilateral pode se prejudicar e prejudicar a própria Rússia, mas que o Kremlin pode se beneficiar com as sanções.
O presidente salientou que a Rússia continuará a promover a rede de infraestrutura de transporte e logística em todo o seu território e expressou confiança de que a indústria russa será capaz de cumprir essa meta.
Após o início da operação militar especial russa na Ucrânia, vários países ao redor do mundo, incluindo membros da União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e Japão, impuseram sanções contra as principais instituições financeiras russas, bem como contra políticos e oligarcas. Além disso, vários bancos russos foram removidos do sistema de banco SWIFT.
(*) Com RT en Espanhol.