O presidente da Rússia, Vladimir Putin, voltou a falar sobre a ofensiva militar na Ucrânia nesta quarta-feira (16) em um evento com oficiais do governo e disse que o objetivo de seu governo “não é ocupar” o país vizinhos, mas sim “garantir” a segurança russa.
Segundo fala repercutida pela agência estatal Tass, o líder do Kremlin afirmou que a operação “está se desenvolvendo com sucesso e estritamente alinhada com os planos” e que a Rússia “não tinha outra escolha para garantir a própria segurança do que iniciar a operação militar na Ucrânia”.
“Não vamos permitir que a Ucrânia seja usada para lançar ataques contra a Rússia”, acrescentou, dizendo que o “Ocidente tentou nos dividir e violar nossa integridade nacional”.
A fala contradiz uma declaração oficial do próprio chefe da Guarda Nacional e aliado próximo do presidente, Viktor Zolotov, de que o avanço das ações militares “não estão indo rápido como o esperado”.
Putin voltou a dizer que era Kiev quem promovia um “verdadeiro genocídio” nos ataques às áreas separatistas pró-Rússia de Donetsk e Lugansk desde 2014. Desde que o conflito se iniciou no início daquele ano, com a anexação da Crimeia pelos russos, e depois relativamente se acalmou a partir dos Acordos de Minsk de 2015, estima-se que a disputa entre os separatistas e o exército ucraniano tenha resultado em 14 mil mortes.
Sobre os vários pacotes de sanções econômicas e financeiras impostos pelos países ocidentais contra a Rússia por conta dos ataques à Ucrânia, Putin minimizou os efeitos na economia russa e rebateu que isso afetou, na verdade, “a economia global”.
“O plano ocidental de lançar uma ‘blitzkrieg’ [guerra relâmpago] econômica falhou, mas provavelmente nós vamos ver novas tentativas de pressão. A economia vai se adaptar à nova realidade, mas isso vai pedir difíceis mudanças estruturais”, pontuou ainda.
Reprodução/ @KremlinRussia_E
Putin disse que a ofensiva segue se ‘desenvolvendo com sucesso e estritamente alinhada com os planos’
No entanto, as punições impostas contra políticos – incluindo o próprio Putin – empresários, indústrias, bancos e empresas em geral estão fazendo com que a Rússia enfrente problemas de liquidez e de pagamento de dívidas, além da moeda nacional, o rublo, ter despencado em seu valor e o país ter perdido inúmeras receitas com a saída de empresas internacionais de seu território.
No discurso, o mandatário também voltou atrás em outra fala de seu governo, de que o Kremlin iria expropriar empresas e indústrias que anunciaram a saída do país por conta da invasão. “Diferente do que faz o Ocidente, a Rússia vai respeitar o direito à propriedade das empresas estrangeiras”, acrescentou.
Como resposta às ações dos Estados Unidos, o governo da Rússia anunciou na terça-feira (15/03) uma série de sanções punindo o presidente do país, Joe Biden, e o secretário de Estado, Antony Blinken.
Entre as medidas do decreto da chancelaria de Moscou está a proibição de viagens de qualquer uma das pessoas sancionadas à Rússia e o congelamento de ativos em instituições russas. No entanto, a pasta afirma que as punições não impedem “contatos de alto nível necessários” entre os dois governos.
Segundo a nota, as medidas foram adicionadas à “lista proibida” criada “em resposta a uma série de sanções sem precedentes” contra a Rússia após a ofensiva militar na Ucrânia.
(*) Com Ansa.