Na primeira reunião sob a presidência do Brics, em Moscou, nesta quarta-feira (31/01), o ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov afirmou que o Ocidente não dá importância às iniciativas que o Brasil e a África do Sul propõem para resolver o conflito na Ucrânia, classificando tal postura como “total falta de respeito”.
Durante o encontro com sherpas e vice-sherpas (como são designados os altos funcionários que representam seus respectivos chefes de Estado ou de governo na preparação de uma cúpula), o chefe da diplomacia russa disse que esteve presente em uma recente “reunião da plataforma de Copenhague, da 'fórmula de paz' do presidente ucraniano Zelensky, em Davos”, acrescentando ter conversado com “colegas de vários países parceiros” do Sul Global a respeito de seus respectivos papéis nessas reuniões.
“Eu disse que os nossos colegas sul-africanos tinham uma iniciativa que discutimos juntos em São Petersburgo, em julho, nas margens da Cúpula Rússia-África, […] o presidente do Brasil, Lula, teve uma iniciativa que discutiu com Putin. Perguntei aos que participaram da reunião de Davos que atenção tem sido dada a estas iniciativas da maioria mundial. E me disseram: 'não foi dada nenhuma atenção, não são precisas iniciativas vindas deles'”, explicou Lavrov aos negociadores internacionais, classificando que a abordagem “indica total falta de respeito e completo desrespeito por qualquer opinião.”
“É puro colonialismo e imperialismo; já passamos por essas fases históricas antes”, enfatizou Lavrov.
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Ocidente ignora iniciativas de paz do Brasil e África do Sul para Ucrânia, diz Sergei Lavrov
Em relação à chamada ‘fórmula de paz’ do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, o chanceler russo declarou ser “óbvio” que tal proposta incentivada pelos países ocidentais é “impossível” de ser implementada.
Em novembro de 2022, Zelensky havia apresentado à cúpula do G20 um documento com dez pontos para alcançar a paz. O texto, que não levou em consideração o posicionamento da Rússia, falava na retirada total das tropas russas para além da fronteira de 1991 e a restauração do controle da Ucrânia sobre o Mar de Azov e o Mar Negro.
Posteriormente, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que Kiev estava especulando uma solução pacífica “fora da realidade” e que as ações lideradas por Zelensky não indicavam nenhum progresso no processo de paz, razão pela qual continuaria realizando sua “operação militar especial” na Ucrânia.
(*) Com Sputnik News