O presidente russo, Vladimir Putin, novamente acusou o Ocidente de “enganar” a Rússia na questão da expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ao mesmo tempo, ele observou que o país não tem pretensões de lutar contra a Europa e a aliança militar do Atlântico Norte.
A declaração foi durante um discurso em reunião ampliada do Conselho do Ministério da Defesa russo nesta terça-feira (19/12). Ao comentar a situação da guerra na Ucrânia, Putin afirmou que a Rússia era “o único garantidor da soberania de Kiev” e que o Ocidente se comportou “ilegalmente” e forçou a Rússia a “responder”.
Vladimir Putin destacou que a Rússia negociará a paz na Ucrânia apenas nos seus próprios termos e não vai abandonar os objetivos da “operação militar especial” (nome oficial usado pelo Kremlin para se referir à guerra da Ucrânia).
“O Ocidente não vai desistir da sua estratégia de conter a Rússia e dos seus objetivos agressivos na Ucrânia. Mas também não vamos desistir dos nossos objetivos da operação militar especial”, disse Putin.
Ao falar especificamente sobre a situação na linha de frente, o presidente enfatizou que hoje o exército russo tem a iniciativa de combate na linha de contato, acrescentando que “o mito da invulnerabilidade do equipamento militar ocidental tinha desmoronado”.
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Vladimir Putin destacou que a Rússia negociará a paz na Ucrânia apenas nos seus próprios termos
Finlândia na Otan aumenta tensão na fronteira
No último domingo (17/12), ao comentar o ingresso da Finlândia à Otan, o líder russo disse que o país vizinho “agora terá problemas” devido à adesão à aliança militar.
“Eles pegaram a Finlândia e a arrastaram para a Otan. Tivemos alguma disputa? Todas as disputas, inclusive as de natureza territorial, foram resolvidas há muito tempo, em meados do século 20. As relações foram as mais gentis e cordiais (com a Finlândia)”, destacou.
O presidente russo afirmou que agora, com a entrada da Finlândia no bloco militar ocidental, a Rússia criará um distrito militar na fronteira onde irá concentrar unidades militares.
O ministro da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, por sua vez, ao comentar o aumento da presença militar na fronteira, disse que Moscou “leva em conta o acordo assinado entre os EUA e a Finlândia, que prevê a utilização de 21 instalações militares finlandesas pelos americanos, incluindo todas as quatro bases aéreas”.
Segundo o ministro, como resposta proporcional às ameaças externas, o tamanho das Forças Armadas da Rússia será aumentado para 1,5 milhão de militares no futuro próximo.
A Finlândia tornou-se oficialmente o 31º membro da Otan em 4 de abril deste anos). A entrada da Finlândia na aliança militar liderada pelos EUA representa um rompimento da posição de neutralidade que o país manteve por décadas para não prejudicar as relações com a União Soviética e depois com a Rússia. A guerra que a Rússia iniciou com a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 mudou a posição de Helsinque.
A extensão da fronteira terrestre entre a Finlândia e a Rússia é de mais de 1.270 quilômetros. Ou seja, na prática, a borda da Rússia com a Otan dobrou de tamanho.