O presidente russo, Vladimir Putin, declarou nesta terça-feira (13/06) que está aberto a negociações de paz sobre a Ucrânia, mas destacou que, para isso, os países ocidentais deveriam parar de armar Kiev. A declaração foi durante uma reunião televisionada com blogueiros militares russos.
“Se eles realmente querem que o conflito de hoje termine com a ajuda de negociações, basta que tomem uma decisão – interromper o fornecimento de armas à Ucrânia. E isso é tudo. A própria Ucrânia não produz nada [de armas]”, disse Putin.
“Em primeiro lugar, nunca recusamos, já disse isso mil vezes, nunca nos recusamos a conduzir nenhuma negociação que pudesse levar a um acordo pacífico. Sempre conversamos sobre isso.”
O presidente russo lembrou que durante as rodadas de negociações entre a Rússia e a Ucrânia que ocorreram em Istanbul, na Turquia, no ano passado, um documento já havia sido elaborado.
Ao falar dos futuros planos da operação militar russa, Putin destacou que eles dependerão da “correlação de potenciais no momento em que a ofensiva das Forças Armadas da Ucrânia for concluída”.
“Temos várias opções para novas ações”, disse Putin, sem especificar detalhes.
Já o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, afirmou nesta terça-feira (13/06) que o que pode levar a Rússia a “sentar-se à mesa das negociações” é uma contraofensiva bem-sucedida da Ucrânia.
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Declaração foi durante uma reunião televisionada com blogueiros militares russos
“Quanto mais terreno [os ucranianos] ganharão, mais provável é que o presidente Putin compreenda que tem de se sentar à mesa das negociações e concordar com uma paz justa e duradoura”, afirmou o líder de Otan em entrevista à CNN.
Rússia pode criar uma “zona sanitária”
Ao comentar os bombardeios em território russo pelas Forças Armadas da Ucrânia, em particular na região de Belgorod, o presidente russo afirmou que se esses ataques tiverem continuidade, as autoridades russas podem criar uma “zona sanitária” no território da Ucrânia, mas também não deu detalhes sobre como essa “zona” seria formada.
Putin reconheceu que as incursões e ataques do lado ucraniano nas áreas fronteiriças da Rússia são um problema. De acordo com ele, trata-se de uma forma das tropas ucranianas quererem obrigar o exército russo a retirar parte das unidades “das direções que consideram mais importantes e críticas em termos de uma possível ofensiva das Forças Armadas da Ucrânia”.
O presidente disse que não há necessidade das tropas russas fazerem isso, mas comentou que é necessário “proteger nossos cidadãos”. Segundo Putin, o processo de fortalecimento da fronteira russa está em andamento.
“Mas isso não significa que não haverá as chamadas incursões em nosso território. E se isso continuar, teremos que considerar essa questão, digo isso com muito cuidado, de criar algum tipo de zona sanitária no território da Ucrânia a uma distância tal que seria impossível alcançar nosso território”, concluiu.