O discurso anual do presidente russo Vladimir Putin perante a Assembleia Federal do país nesta terça-feira (21/02) teve vários outros elementos importantes, além do altamente repercutido anúncio da suspensão da participação do seu país no Tratado de Redução de Armas Estratégicas [documento estabelecido em 2010 entre Moscou e Washington].
O mandatário falou sobre a guerra entre o seu país e a Ucrânia, que está prestes a completar um ano, e enfatizou que a “operação militar especial” [como o seu governo se refere à investida russa] visa “defender a população de língua russa e desnazificar o regime ucraniano”, e acusou o Ocidente, apontando principalmente ao governo dos Estados Unidos, de “usar a Ucrânia para tentar destruir a Rússia”.
Em vários trechos do discurso, Putin defendeu a estratégia russa e qualificou o que considera derrotas das forças do Ocidente, reunidas em torno da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), e ressaltou que o conflito tem afetado a imagem dos países que criticam a Rússia.
“Os eventos recentes mostraram de forma convincente que a imagem do Ocidente como um porto seguro e refúgio para o capital acabou sendo um fantasma, uma falsidade. E aqueles que não perceberam isso a tempo, que viram a Rússia apenas como uma fonte de renda e planejaram morar no exterior, eles perderam muito”, comentou.
Putin também reclamou que “em seu apoio incondicional à Ucrânia, o Ocidente fechou os olhos ao fato de que as autoridades de Kiev estão encorajando a ideologia neonazista, porque não se importa com que tipo de gente está sendo usada na luta para destruir a Rússia”.
TASS
Putin criticou a postura da OTAN que, segundo ele, está usando a Ucrânia para tentar destruir a Rússia
Ele acrescentou que “o Ocidente desdobrou contra nós não apenas uma frente militar, informativa, mas também econômica. Os países do G7 investem 60 bilhões de dólares para ajudar os países mais pobres, mas nessa guerra já gastaram 150 bilhões. E ainda assim conseguiram nada, e não conseguirão nada”.
O líder russo admitiu que o PIB do seu país caiu 2,1%, mas alegou que este é “um declínio muito menor do que o planejado pelo Ocidente, que previa uma queda entre 20% e 25%”.
“As empresas russas reconstruíram a logística, estreitaram laços com parceiros confiáveis, que são a maioria (…) O roubo de nossas reservas cambiais também não pode ser esquecido, não posso descrevê-lo de outra forma. Por outro lado, existem as tentativas de enfraquecer o rublo e causar uma inflação devastadora”, disse o mandatário do Kremlin.
“Defendemos fortemente não apenas nossos interesses, mas também nossa posição de que no mundo moderno não deve haver divisão nos chamados países civilizados e tudo mais”, declarou Putin, ao finalizar seu discurso.