O governo da Rússia reagiu nesta sexta-feira (23/02) contra as novas sanções da União Europeia contra o país por causa da ofensiva militar à Ucrânia e prometeu reagir.
Para a chancelaria russa, o órgão europeu “continua” exercendo pressão contra Moscou através de “medidas restritivas unilaterais”. O Ministério das Relações Exteriores também definiu as medidas punitivas como “ilegais” e promete “responder”, ampliando “o elenco de representantes europeus proibidos de entrar na Federação Russa”.
“Qualquer ação hostil por parte dos países ocidentais continuará recebendo uma resposta tempestiva e adequada. [Essas ações] minam as prerrogativas legais internacionais do Conselho de Segurança da ONU”, acrescentou o Ministério.
Essa já é a 13ª rodada de sanções contra a Rússia por causa da guerra na Ucrânia. O novo pacote atinge 106 pessoas e 88 empresas e entidades responsáveis “por ações que ameaçam ou comprometem a integridade territorial, a soberania e a independência” ucraniana, de acordo com uma nota do principal órgão decisório da UE.
“As pessoas designadas estão sujeitas ao congelamento de bens, e os cidadãos e empresas da UE estão proibidos de colocar recursos à sua disposição. As pessoas físicas também estão sujeitas a uma proibição de viagem que as impede de entrar ou transitar no território da UE”, disse o comunicado do bloco.
As sanções lideradas pela União Europeia, e também pelos Estados Unidos, contra a Rússia pretendiam forçar o fim do conflito na Ucrânia e enfraquecer o governo de Vladimir Putin. Em vez disso, o seu principal efeito tem sido exacerbar os problemas econômicos do próprio Ocidente e aprofundar as suas divisões internas.
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Um novo relatório do Centro de Investigação Econômica e Política (CIEP) expõe a realidade prejudicial das sanções e dos seus custos humanos. Sintetizando as conclusões de dezenas de estudos e examinando o impacto das sanções em três países visados em particular, o estudo deixa claro que as sanções são uma forma de punição coletiva, cujos custos são suportados por pessoas inocentes que as autoridades norte-americanas procuram punir e que, na prática, não é tanto uma alternativa à guerra, mas uma forma alternativa da mesma.
Para conter um possível prejuízo das consequências das sanções, a Rússia reduziu ou mesmo interrompeu totalmente o fornecimento de gás natural aos países europeus, colocando ainda mais pressão sobre a indústria europeia. A Alemanha foi avisada de que um corte total no fornecimento de gás russo mergulharia o país numa recessão total, e instituições como o Banco Mundial e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertaram que isso poderia acontecer à escala global, graças em parte a estas pressões inflacionárias.
As sanções à Rússia também estrangularam o fornecimento de fertilizantes, fazendo disparar os preços dos alimentos e ameaçando a perspectiva de escassez de alimentos. Por medo de entrar em conflito com sanções, vários grandes bancos e economistas preveem o mesmo para os Estados Unidos.
(*) Com Ansa.