Quarta-feira, 21 de maio de 2025
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O chanceler russo Sergey Lavrov disse nesta terça-feira (01/03), em mensagem de vídeo à reunião da Conferência sobre Desarmamento da ONU em Genebra, que Moscou considera inaceitável que os EUA tenham armas atômicas estacionadas em países da Europa, via Otan. 

Em um discurso esvaziado – delegações de vários países saíram da sala durante a fala em protesto contra a guerra na Ucrânia – Lavrov também acusou Kiev de querer possuir armas nucleares. A delegação brasileira foi uma das poucas que permaneceu no local.

“Para nós é inaceitável que, contrariando as disposições fundamentais do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, até hoje haja armas nucleares dos EUA no território de uma série dos países europeus. Permanece a prática perversa de 'missões nucleares conjuntas' envolvendo países não nucleares da Otan. Em seu quadro, são treinados cenários de implementação do armamento nuclear contra a Rússia. Já é hora de as armas nucleares americanas voltarem para casa e de desmantelar completamente toda a infraestrutura ligada a elas na Europa”, declarou em seu discurso na conferência sobre desarmamento.

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Os EUA possuem armas atômicas estacionadas na Europa, por meio de um acordo com a Otan. Há armamentos espalhados em bases norte-americanas na Alemanha, Holanda, Turquia, Bélgica e Itália.

O chanceler pediu que países ocidentais “abdiquem a construção de instalações militares nos territórios dos países que anteriormente foram parte da União Soviética e não são membros da Otan”.

Ucrânia

Lavrov disse que a Rússia estaria tomando medidas para evitar que a Ucrânia obtenha armas nucleares. Na semana retrasada, em Munique, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou que a Ucrânia estaria disposta a rever sua posição de não possuir armamento atômico.

Em discurso por videoconferência a encontro em Genebra, chanceler russo chamou sanções de 'ilegítimas'; países se retiraram da sala quando Lavrov começou a falar

Reprodução/MFA Rússia

Lavrov discursou nesta terça na Conferência sobre Desarmamento na ONU

“Posso lhes assegurar: a Rússia como membro responsável da comunidade internacional, comprometida com suas obrigações de não proliferação de armas de destruição em massa, está tomando todas as medidas necessárias para impedir o surgimento de armas nucleares e tecnologias relacionadas na Ucrânia”, disse.

Vale lembrar, no entanto, que Kiev detinha armamento atômico até meados da década de 1990 – herança do fim da União Soviética – mas se desfez de todos eles após um acordo que previa, dentre outros aspectos, o respeito à inviolabilidade de suas fronteiras. As armas foram, em sua maioria, enviadas para a própria Rússia, país com maior arsenal do mundo.

Sanções

O chanceler russo também comentou as sanções econômicas impostas por EUA e Europa contra a Rússia, que provocaram uma maxidesvalorização do rublo e dificultaram de maneira significativa o acesso de Moscou às reservas em moeda estrangeira

“Ao escolher o caminho de sanções unilaterais ilegítimas, os países da UE tentam evitar o diálogo sincero cara a cara, os contatos diretos, destinados a favorecer as resoluções políticas dos candentes problemas internacionais”, afirmou.

Na segunda (28/02), primeiro dia útil de operações após a imposição das sanções, o Banco Central russo falou em “mudanças drásticas” na situação econômica do país e mais que dobrou a taxa de juros – de 9,5% para 20% – a fim de tentar segurar a inflação e a desvalorização da moeda local.

Um dos motivos, dentre outros, que impediram que Lavrov fosse a Genebra foi o fechamento do espaço aéreo europeu para aeronaves da Rússia.

(*) Com Sputnik