Após anunciar a retomada do acordo sobre a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro na última quarta-feira (02/11), Moscou indica que está revendo as condições para renovar o pacto com Kiev, que vence no próximo dia 19 de novembro.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou à agência Interfax que decisões ainda não foram tomadas neste sentido, e que a volta dos russos ao acordo não significa que ele será prorrogado automaticamente.

O documento havia sido assinado entre a Rússia e a Ucrânia em julho de 2022, sob intermediação da Turquia e da Organização das Nações Unidas.

Pelo acordo, Kiev poderia escoar milhares de toneladas de grãos e cereais que estavam estocados nos portos de Odessa, Pivdennyi e Chornomorsk, utilizando um corredor humanitário no Mar Negro, barrados desde 24 de fevereiro. 

Deste corredor, as cargas vão para Ancara e são vistoriadas pelo Centro de Coordenação Conjunta, organismo que conta com representantes dos dois países envolvidos, além de turcos e das Nações Unidas. Após a análise, os navios podem seguir para seus destinos finais.

Em 29 de outubro, Moscou anunciou que suspenderia o acordo por conta de um suposto ataque de Kiev contra o porto de Sebastopol, na Crimeia. Após intermediação do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o russo Vladimir Putin autorizou a retomada do pacto.

A justificativa apresentada para a retomada do acordo foi de que Kiev teria dado garantias por escrito de que não usaria a rota humanitária e os três portos envolvidos para lançar ataques contra a Rússia. Nesta quinta-feira (03/11), contudo, um representante do Ministério das Relações Exteriores ucraniano, Oleg Nikolenko, afirmou que isso nunca foi feito.

“Vladimir Putin afirmou que a Rússia decidiu desbloquear o acordo sobre grãos depois que a Ucrânia forneceu 'garantias' para não utilizar o corredor humanitário de grãos com objetivos militares. A Ucrânia nunca usou e nem pretende usar o corredor para isso. A parte ucraniana adere rigorosamente ao acordo sobre grãos”, disse Nikolenko ao portal Ukrainska Pravda.

A passagem de navios, então, voltou a ser realizada nesta quinta-feira (03/11), conforme foi comunicado pelo ministro da Defesa da Turquia, Hulusi Akar. Ao todo, seis navios deixaram os três portos ucranianos até o momento sem nenhum incidente.

(*) Com Ansa.