Atualizada em 07/09/2017 às 16:00
Chega ao fim em 9 de setembro de 1855 o cerco à cidade de Sebastopol. Esse episódio é considerado um dos principais combates da Guerra da Crimeia – que durou setembro de 1854 a setembro de 1855. Um dos primeiros livros de Leon Tolstoi, Relatos de Sebastopol, detalha os combates num misto de ficção e relato histórico.
Wikicommons
Relato histórico do confronto
Embora defendida heroicamente e às custas de pesadas baixas aliadas, a queda de Sebastopol levou à derrota russa na Guerra da Crimeia. A maioria dos defensores russos da cidade foi enterrada em mais de 400 sepulturas coletivas, no Cemitério da Fraternidade, em Sebastopol.
A história
Em setembro de 1854, as tropas aliadas do Reino Unido, França e Piemonte chegaram à Crimeia e sitiaram a cidade de Sebastopol, base oficial da Marinha tzarista no Mar Negro, de onde alcançava o Mediterrâneo. Antes que viessem a ser encurraladas, as tropas russas se retiraram.
No começo de outubro, engenheiros franceses e britânicos, movendo sua base para Balaclava, começaram a erguer as construções da linha de assédio ao longo dos planaltos de Chersonese, ao sul de Sebastopol. As tropas escavaram abrigos, baterias armadas e trincheiras.
Com a saída do exército russo e seu comandante príncipe Menshikov, a defesa de Sebastopol ficou a cargo dos vice-almirantes Vladimir Kornilov e Pavel Nakhimov, auxiliados pelo engenheiro-chefe de Menshikov, tenente-coronel Eduard Totleben. As forças militares disponíveis para a defesa eram de 4500 milicianos, 2700 artilheiros, 4400 marinheiros, 18500 fuzileiros-navais e 5000 auxiliares de serviço, totalizando pouco mais de 35 000 homens.
Os russos primeiro puseram a pique alguns navios, para a proteção do porto, usando seus canhões navais como artilharia adicional e seus tripulantes como fuzileiros. As embarcações propositadamente postas a pique incluíam Grão-Duque Constantino, Cidade de Paris, ambos com 120 peças de artilharia, Valente, Imperatriz Maria, Chesme, Yagondeid (84 peças), Kavarna (60), Konlephy (54), fragata a vapor Vladimir, navios a vapor Troante, Bessarábia, Danúbio, Odessa, Elbrose e Krein.
Em 17 de outubro começou a batalha de artilharia. As armas russas destruíram inicialmente um paiol francês, inutilizando suas armas. O fogo britânico destruiu o paiol russo durante a Batalha de Malakof, matando o Almirante Kornilov, destruindo a munição russa no lugar e abrindo uma brecha na defesa da cidade. As tropas britânicas e francesas, porém, adiaram o plano de ataque da infantaria, perdendo assim a oportunidade para um possível desfecho prematuro do cerco.
A este tempo, os navios Aliados combatiam as defesas russas, causando danos mas logo recuando para suas posições defensivas. O bombardeio foi retomado no dia seguinte. No entanto, trabalhando durante a noite, os russos repararam os danos sofridos. Isto tornou-se um padrão repetido ao longo do cerco.
NULL
NULL
Durante outubro e novembro de 1854, as batalhas de Balaclava e Inkerman aconteciam distantes das linhas de assédio. Depois de Inkerman, os russos perceberam que o cerco de Sebastopol não poderia ser levantado com uma batalha campal. Conseguiram infiltrar aos poucos suas tropas na cidade, a fim de ajudar na defesa. No final de novembro o tempo mudou e uma tempestade de inverno arruinou os acampamentos aliados, interrompendo suas linhas de provisão. Homens e cavalos sofreram doenças e fome, diante daquelas condições precárias.
Enquanto Totleben estendia as fortificações ao redor de Redan, do bastião da bandeira e de Malakoff, o engenheiro-chefe britânico John Burgoyne percebeu em Malakoff a chave para a entrada na cidade. Foram iniciados os trabalhos a fim de permitir um cerco concentrado a Malakoff, e permitir uma maior aproximação das tropas aliadas. Como resposta, Totleben escavou casamatas onde franco-atiradores armados com fuzis pudessem alvejar os sitiadores. Antecipação da guerra de trincheiras que se tornou o símbolo maior da Primeira Guerra Mundial, estes postos se tornaram o principal foco dos assaltos aliados.
Quando o inverno amainou, os Aliados puderam restabelecer muitas rotas de provisão. Uma nova ferrovia, a Ferrovia Central da Grande Crimeia, foi construída pelos contratados Thomas Brassey e Samuel Peto, servindo para transportar materiais de Balaclava até a linha de cerco, entregando ainda mais de 500 peças de artilharia e farta munição. Começando em 8 de abril de 1855, um domingo de Páscoa, os Aliados retomam o bombardeio às defesas russas. Em 28 de junho, o Almirante Nakhimov morreu, alvejado na cabeça por um sentinela aliado.
Em 24 de agosto, os Aliados iniciaram o sexto e mais severo bombardeio da fortaleza. Trezentos e sete canhões dispararam 150 mil tiros, sofrendo os russos baixas diárias entre dois e três mil homens. No dia 27 de agosto, 13 divisões e uma brigada aliadas, totalizando 60 mil homens, iniciaram o último assalto. Os franceses conseguiram capturar o reduto de Malakoff, fazendo com que a defesa russa se tornasse insustentável. Na manhã de 28 de agosto, as tropas russas abandonaram o lado sul de Sebastopol.