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Georges-Jean-Méliès, ilusionista francês, que usava efeitos especiais para criar mundos fantásticos, morre em Orly em 21 de janeiro de 1938, aos 76 anos.
Considerado o fundador da 7ª Arte, o cinema, Méliès fez mais de 500 filmes e construiu o primeiro estúdio cinematográfico da Europa. Foi também o primeiro cineasta a usar desenhos de produção e storyboards para projetar suas cenas.
Méliès tinha 33 anos quando assistiu à primeira sessão pública dos irmãos Lumière. Isto ocorreu em 28 de dezembro de 1895, no Grand Café do bulevar des Capucines, em Paris. Deslumbrado, antevê a dimensão artística do cinema, a qual iria revelar ao grande público.
Nascido em 8 de dezembro de 1861, filho de família abastada, Méliès prestou serviço militar em Blois, cidade do prestidigitador Robert Houdin e assim descobriu sua vocação. Vai a Londres se iniciar na magia e de volta a Paris, vende sua parte na sociedade familiar para adquirir de Houdin um pequeno teatro. Rapidamente, ganha reputação como prestidigitador.
Após a sessão memorável dos irmãos Lumière, mostra-se disposto a comprar seu material. Porém, Auguste Lumière recusa-se a vender, afirmando: “Agradeça-me, estou evitando sua ruína, pois este aparelho, simples curiosidade científica, não tem qualquer futuro comercial”.
Sem se deixar vencer, Méliès fabrica seu próprio aparelho à imitação daqueles dos Lumière. É o “kinetógrafo”. A partir de 1896, com o fim de renovar o interesse do público, idealiza montar ficções e inventa os primeiros efeitos especiais do cinema.
A história dessa invenção é curiosa. Méliès estava rodando uma cena de rua nos grandes bulevares quando sua máquina ficou travada durante um minuto. Ao inesperadamente voltar a funcionar percebeu que havia sido filmado antes da pane um ônibus da linha Madeleine-Bastille e, na retomada, um carro fúnebre. Seu técnico quis inutilizar esta passagem, mas Meliès o impediu, captando de pronto o resultado cômico do incidente.
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Méliès conquista rapidamente grande sucesso junto ao público pela sua fantasia e sua imaginação que contrastavam com a vulgaridade da maioria dos realizadores de então. Ainda hoje sua arte suscita interesse entre os amantes do cinema.
Abre em Montreuil-sous-Bois, perto de Paris, em 1897 um estúdio cinematográfico, cria sua própria companhia a Star-Film, e na duas décadas seguintes roda cerca de mil filmes.
Realiza em 1899 um filme engajado, absolutamente notável, sobre o Caso Dreyfus. Em 1901, filma a coroação do rei Edward VII, mesclando cenas de ficção, com figurantes, e uma rodagem in situ, à saída da Abadia de Westminster. Esta proeza valeu ao cineasta ser convidado pela família real.
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Méliès em ums de suas apresetnações como ilusionista, em 1896
Os primeiros filmes eram chamados de ‘‘vistas’’, evidentemente mudos, medindo 125 metros com duração média de 4 minutos. Eram projetados em barracas de feira.
Méliès realiza em 1902 um primeiro ‘‘ longa metragem’’ com sua obra-prima “Viagem à Lua”, inspirado num romance de H.G. Wells publicado no ano anterior : Os Primeiros Homens na Lua.
Investiu no projeto 30 mil francos, uma soma assombrosa. A rodagem durou 4 meses, de maio a agosto de 1902 e a primeira sessão teve lugar em 1º de setembro de 1902.
Película de duração excepcional de 16 minutos decepciona num primeiro momento os compradores para os quais foi especialmente apresentado. Temiam que os fizesse perder receita, uma projeção substuituindo quatro. O cineasta não obstante conseguiu convencer um deles a fazer um teste, exibindo-a na Feira do Trono em Paris.
O público lotou as sessões e o filme foi imediatamente distribuido em centenas de cópias pelo mundo inteiro, Estados Unidos inclusive. Foi o primeiro filme de exportação, visto que, feito só de imagens, superava as barreiras do idioma.
O genial criador é eleito presidente do Congresso Internacional de Editores de Filmes em 1909 porém, em seguida, é rapidamente ultrapassado pelo vertiginoso sucesso mundial do cinema. Além do mais, a I Guerra Mundial desfere um golpe fatal no cinema europeu e favorece o surgimento dos grandes estúdios de Hollywood.
Méliès teve de jogar a toalha em 1923 por não ter dado a sua companhia uma dimensão industrial. Arruinado, teve de vender seus bens e latas e latas de filmes. Restaram até nós apenas pouco mais de cinquenta.
Sem perder seu sorriso e o indestrutível otimismo, converte-se em vendedor de brinquedos numa galeria comercial da estação de trens de Montparnasse. Reconhecido ao acaso por ilustres cineastas, terminou, graças à mobilização da categoria, tranquilamente seus dias no castelo de Orly, a casa de repouso das pessoas ligadas ao cinema.
O diretor Martin Scorcese recriou a história de Georges Meliès no aclamado A Invenção de Hugo Cabret, premiado com cinco Oscars em 2012.
Também nessa data:
1525 – É fundado na Suíça o movimento anabatista
1793 – Ex-rei da França Louis Capet é guilhotinado
1924 – Morre Lenin, o líder da Revolução Russa
1950 – Alger Hiss é condenado por perjúrio em caso de espionagem
1950 – Morre o escritôr britânico George Orwell
1976 – Jornais ocidentais, como Financial Times e The New York Times são vendidos na União Soviética pela primeira vez
1997 – Chanceler alemão Helmut Kohl e premiê tcheco Vaclav Klaus firmando a reconciliação pós-guerra
1998 – Papa João Paulo II inicia primeira visita à Cuba