O Desastre de Le Mans, a maior tragédia do automobilismo desportivo da história, foi uma colisão múltipla ocorrida em 11 de junho de 1955 no circuito de Sarthe, perto de Le Mans, durante a celebração das 24 Horas de Le Mans, em que morreram o piloto Pierre Levegh e 82 espectadores.
Às seis e meia da tarde, a Mercedes 300 SRL, conduzida pela dupla Juan Manuel Fangio e Stirling Moss, lutava por encabeçar a prova contra o Jaguar conduzido por Mike Hawthorn e Ivor Bueb, depois de ter conseguido livrar uma volta em relação à maior parte de seus rivais.
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Imagem da corrida de Le Mans, edição de 2013
Hawthorn, em plena disputa com Fangio, ultrapassou um Austin Haeley, conduzido pelo piloto britânico Lance Macklin, à entrada da linha direita das tribunas, porém, de repente, freou e entrou nos pits-stops.
Surpreendido, o piloto do bólido que acabava de ser ultrapassado fez uma brusca manobra para a esquerda sem ver que dois Mercedes, a toda velocidade, iam para cima dele. O primeiro era conduzido pelo francês Pierre Levegh, com uma volta de atraso, e o segundo por Fangio.
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O drama todo se desenrolou em poucos segundos. Num derradeiro ato reflexo, Levegh levantou a mão para advertir Fangio do perigo. Em seguida, chocou-se contra o Austin a mais de 200 quilômetros por hora, sua Mercedes “decolou” para abater-se, explodindo, sobre as tribunas repletas de espectadores.
A Mercedes de Pierre Levegh se desintegrou totalmente, o motor e outras peças do chassi deixaram um rastro de mortos e feridos em seu voo sobre as tribunas, inclusive o próprio Levegh, cujo corpo ficou estendido sobre a pista. Entre os motivos da forte deflagração do fogo se encontrava o fato de que muitas partes do veículo eram compostas de magnésio, que gera uma forte explosão e dificulta os trabalhos de extinção, visto que a água atua como potencializante das chamas.
Os organizadores da prova, no entanto, não interromperam a corrida, que prosseguia enquanto as ambulâncias iam e vinham. Os espectadores situados em outras áreas do circuito tardaram horas em conhecer o alcance da tragédia. A organização argumentou que a suspensão da corrida teria dificultado os trabalhos de evacuação dos feridos pela provável invasão das vias de emergência.
Pierre Levegh tinha 49 anos no momento de sua morte.
Durante a noite, a equipe Mercedes Benz, que liderava as 24 Horas, decidiu retirar-se da corrida por ordem explícita da sede central da escuderia em Stuttgart. No dia seguinte, sob uma fina chuva e um ambiente ainda mais glacial, Hawthorn e Bueb conquistaram para a Jaguar sua terceira vitória em Le Mans. A retirada da Mercedes das competições automobilísticas se prolongou até 1989.
Dois dias depois, as autoridades francesas proibiram as competições automobilísticas na França. Alemanha, Espanha e Suíça seguiram o exemplo francês e suspenderam seus Grandes Prêmios a fim de evitar que se repetisse uma tragédia que comoveu a Europa e o resto do mundo.
O acidente contribuiu de forma clara a mudar as políticas acerca da aceitação do perigo nas corridas de automobilismo e a exigência de maior segurança nas disputas, tanto para os competidores como para os espectadores. Por exemplo, em 1955 os automóveis de corrida não contavam com cinto de segurança, pois os pilotos diziam que queriam estar “atados” ao carro em caso de incêndio. Os capacetes posteriormente cobririam toda a cabeça dos corredores.
Também nesta data:
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