Atualizada em 01/05/2016 às 6h
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Aram Ilich Khachaturian, compositor soviético de origem armênia, morreu em Moscou em 1º de maio de 1978, pouco antes de seu 75º aniversário. Está enterrado no Panteão Komitas de Erevan, homenagem a um artista que tornou a arte armênia acessível e conhecida em todo o mundo.
Khachaturian nasceu em 06 de junho de 1903 em Tiflis, Geórgia. Seu pai Elias havia deixado o país de origem, a Armênia, por volta de 1870, estabelecendo-se em Tiflis como encadernador. O compositor era o caçula de cinco irmãos e começou a desenvolver o gosto pela música ouvindo sua mãe cantar e escutando os músicos de rua.
Aos 11 anos, assistiu pela primeira vez a uma representação de ópera que o deixou fascinado. Mais tarde, iniciou os estudos de piano, a que dedicou dois anos, tendo depois se inclinado pela carreira de economista. Ainda assim, prosseguiu estudando piano de maneira autônoma.
Em 1921, aceitou o convite de seu irmão que morava em Moscou e ali continuou seus estudos na universidade. Apesar de seus escassos conhecimentos de solfejo, demonstrou ter tanto talento musical que foi admitido no Instituto Gnésiny, onde estudou violoncelo sob a direção de Mikhail Gnesin, começando aulas de composição em 1925. Em 1929 transferiu-se para o Conservatório de Moscou. Foi aluno de Nikolai Miaskovski, compositor muito popular à época.
Na década de 1930 se casou com a compositora e colega de estudos, Nina Makárova e em 1951 passou a ser professor do Instituto Pedagógico Estatal de Música Gnésiny. Manteve importantes debates na União de Compositores, o que, mais tarde, lhe traria críticas sobre algumas de suas obras consideradas como “música formalista”, a exemplo do que ocorria com Serguei Prokofiev e Dmitri Shostakovich. Não obstante, esses três compositores se converteram no que se chamou de “titãs da música soviética”, desfrutando da reputação universal como destacados compositores do século 20.
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Khachaturian já havia composto em 1932 um Trio para Clarinete, Violino e Piano em que se refletia a influência de Prokofiev, que o estimulou a interpretá-lo em Paris. Em 1933 compõe uma Suíte para Dança inspirada em todo tipo de bailes: armênios, azerbaijanos e georgianos, na qual se revela seu gosto pela música folclórica. Compõe, do mesmo modo, uma sinfonia dedicada a seu país, com a qual obteve o diplomo no Conservatório. Esta sinfonia foi composta em 1935 e está inspirada na música ocidental e armênia. Nesse mesmo ano escreve a música para o filme “Pepo”.
A partir desse momento sua carreira como compositor começou a se desenvolver. Escreveu mais de 40 obras para o cinema e o teatro. Dotado de um excelente senso melódico, Aram destacou-se sobretudo por suas composições para balé e por seu especial talento para a orquestração, cheia de colorido, melodiosa, sensual e lírica.
Foi o primeiro compositor a integrar a música moderna e o balé clássico. Estava convencido que o público devia sentir as mesmas emoções e sensações que os bailarinos tratavam de transmitir.
Khachaturian é amplamente considerado como um grande compositor, conhecido internacionalmente por seu Concerto para Piano e Orquestra composto durante a primeira fase de sua carreira, época em que escreveu muitas outras obras que o tornaram célebre. Seu temperamento, bem como o talento musical, se põe de manifesto em partituras tão famosas como o balé Espartaco, o Poema a Stalin e Gayaneh (1942) que inclui a conhecidíssima Dança do Sabre, utilizada pelo realizador cinematográfico Billy Wilder em sua película “Um, Dois, Três”.
Em 1948, Khachaturian foi acusado pelo Comitê Central do Partido Comunista de tendências burguesas e antirrevolucionárias detectadas em suas composições. Junto a ele, também foram denunciados Shostakovich e Prokofiev. Declarou-se culpado, com o que recuperou sua notoriedade.
No entanto, uma vez morto Stalin em 1953, decidiu dar a conhecer a censura exercida pelo governo e a condenou publicamente. No ano seguinte, foi nomeado “Artista do Povo da União Soviética” e em 1959 foi galardoado com o Prêmio Lenin.
Khachaturian terminou impondo-se como um dos compositores prediletos da União Soviética. Foi professor no Conservatório de Moscou e deputado do Soviet Supremo.
Em 1961, começou a escrever música orquestral e compôs uma Sonata para Piano e Orquestra. No ano seguinte, seguiu com Três Concertos-rapsódias que quis unificar num só concerto.
Durante os últimos anos de sua vida, compôs três sonatas para violoncelo e viola. Essas obras não foram registradas e são quase desconhecidas, motivo pelo qual foram interpretadas em muito poucas ocasiões. É autor do Hino da ex-República Socialista Soviética da Armênia.
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