No início de 14 de março de 1978, Israel decidiu criar uma zona tampão no sul do Líbano a fim de se proteger dos ataques dos feddayins (combatentes) palestinos. A operação levou o nome de Litani, porque Tel-aviv queria ocupar e controlar as terras que se situavam ao sul do rio e fazer dela uma zona de segurança. As reações internacionais foram intensas e o Conselho de Segurança da ONU passou a exigir, cinco dias depois, a retirada das tropas israelenses, conforme a resolução 425. O Tsahal (Exército de Israel) somente se retiraria em junho para dar lugar aos “capacetes azuis” das Nações Unidas.
Essa foi a primeira ofensiva de grande envergadura levada a cabo pelas forças armadas de Israel durante a guerra civil libanesa. As tropas israelenses invadiaram o sul do Líbano, chegando até as margens do rio Litani, com o objetivo de liquidar as bases da OLP (Organização de Libertação da Palestina) no país. A partir do sul libanês, a guerrilha palestina costumava contra-atacar o norte de Israel, como reação a ocupação israelense da Cisjordânia e a Faixa de Gaza e a dura repressão militar de Israel contra a população civil palestina nesses territórios, que deveriam se constituir na base do futuro Estado da Palestina.
A operação militar teve êxito relativo do ponto de vista bélico, mas foi politicamente negativo. As tropas israelenses conseguiram expulsar a OLP do sul do Líbano momentaneamente. No entanto, a agressão cobrou o preço de milhares de libaneses mortos em poucos dias de hostilidades. Os combatentes palestinos abrigaram-se provisoriamente ao norte do rio Litani para, pouco tempo depois, voltar a atacar o norte de Israel.
Os firmes protestos do governo libanês levaram o Conselho de Segurança a adotar as resoluções 425 e 426 que exigiam retirada imediata das tropas israelenses e criavam a Finul (Força Interina das Nações Unidas no Líbano). Contudo, a Finul não foi capaz de afastar os soldados israelenses do sul do Líbano. Israel ocupou a região por 22 anos e de lá só se retirou em maio de 2000.
Antes do recuo tático em 15 de junho de 1978, os israelenses puseram em seu lugar uma milícia libanesa aliada, o Exército do Líbano Livre e as Falanges, responsáveis diretos do massacre de Sabra e Chatila mas agindo debaixo do beneplácito de general Ariel Sharon e que resultou na morte de mais de 3 mil civis palestinos. Exigiram também dos seus aliados em Beirute que assassinassem Tony Frangieh, líder de uma milícia cristã maronita pró-síria (Marada), filho do ex-presidente libanês, Suleiman Frangieh, na cidade de Zghorta, norte das Montanhas do Líbano.
Além de matarem Tony, os falangistas estupraram e degolaram sua esposa. Após o estupro, a filha de Tony foi assassinada. Os empregados da família também foram assassinados. O episódio ficou conhecido como o Massacre do Ehden. A partir de então, Marada forjou uma sólida aliança com a Síria, que permanece até os dias de hoje.
A Operação Litani marcou a reaproximação entre Síria e OLP, estremecida pela intervenção síria em favor da extrema-direita libanesa, na primavera de 1976. Mas esta aliança, como todas as forjadas no Líbano, não duraria muito. Síria e Israel mantinham um acordo tácito no Líbano desde o início da Guerra Civil Libanesa, chamada de Linhas Vermelhas, segundo as quais, as forças sírias só poderiam atuar em território libanês ao norte do rio Litani, sendo vedada a presença da aviação síria sob o céu do Líbano. O sul do rio Litani ficaria, desta forma, sob o controle israelense.
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Episódio foi a primeira ofensiva de grande envergadura levada a cabo pelas forças armadas de Israel durante a guerra civil libanesa