O desmatamento na Amazônia chegou a 1.120 quilômetros quadrados ao longo do mês passado, o maior valor para o mês de junho desde o início da série histórica, em 2016. Os dados são do sistema Deter, programa de monitoramento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A devastação do bioma em junho de 2022 foi 5,5% maior do que no mesmo mês do ano passado, que havia registrado 1.061 quilômetros quadrados de floresta destruídos e já havia sido um recorde.
O acumulado do primeiro semestre também foi o mais alto para o período desde 2016, somando 3.988 quilômetros quadrados desmatados na Amazônia. O valor é praticamente o triplo do registrado em 2017, quando foram devastados 1.332 quilômetros quadrados.
O aumento do desmate no primeiro semestre deste ano em comparação com os primeiros seis meses de 2021 foi de 10,6%. No primeiro semestre de 2022, o município de Formosa do Rio Preto, na Bahia, foi o campeão de alertas de desmatamento, com 261 quilômetros quadrados.
É o quarto ano consecutivo com recordes de desmatamento no primeiro semestre. Especialistas avaliam que os dados podem indicar um risco elevado de que 2022 se torne outro ano devastador para a Amazônia brasileira, onde o desmatamento aumentou desde que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo em 2019.
Bolsonaro desmontou estruturas governamentais voltadas para refrear as atividades que devastam a floresta, como a mineração ilegal ou o comércio ilícito de madeira, além de defender a exploração dos recursos naturais da Amazônia, inclusive em reservas indígenas, onde tais ações são proibidas por lei.
Desde que o presidente assumiu o Planalto, as taxas de devastação da Amazônia brasileira aumentaram 73%, para 13.038 quilômetros quadrados no ano passado. Em 2018, um ano antes de ele tomar posse, foram destruídos 7.536 quilômetros de floresta.
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No primeiro semestre, foram desmatados 3.988 quilômetros quadrados na Amazônia brasileira
“Futuro em risco”
Em nota, a organização ambiental WWF-Brasil alertou que o desmatamento da Amazônia nestes primeiros seis meses foi alarmante e coloca o bioma cada vez mais perto do ponto em que a floresta não conseguirá mais se sustentar nem prover os serviços ambientais dos quais o país depende.
“Quando perdemos floresta, colocamos em risco nosso futuro. A Amazônia é chave para a regulação das chuvas das quais dependem nossa agricultura, nosso abastecimento de água potável e a disponibilidade de hidroeletricidade. O roubo de terras públicas e o garimpo ilegal, que não geram riqueza ou qualidade de vida, estão destruindo nosso futuro”, disse Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil.
O Greenpeace Brasil também lamentou os números e lançou críticas à atuação da gestão Bolsonaro em relação ao meio ambiente.
“É mais um triste recorde para a floresta e seus povos. Esse número só confirma que o governo federal não tem capacidade, nem interesse, de combater toda essa destruição ambiental. Seja por ação ou omissões, o que vemos é uma escalada inaceitável da destruição da floresta e do massacre de seus povos e defensores”, afirmou Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia da organização, em nota.