A Unesco saudou nesta terça-feira (06/06) os “compromissos formais” assumidos pela Austrália de investir € 2,7 bilhões para proteger a Grande Barreira de Corais. Canberra quer evitar que a área entre para a lista de locais considerados “em perigo” do Patrimônio Mundial.
“Estou muito feliz que o diálogo contínuo entre nossos especialistas e as autoridades australianas agora se reflita em compromissos formais”, disse Audrey Azoulay, Diretora Geral da UNESCO, em um comunicado à imprensa.
Em 2021, a Unesco ameaçou incluir a Grande Barreira de Corais, Patrimônio da Humanidade desde 1981, na lista de locais “em perigo”, incomodando fortemente o governo australiano anterior, que havia trabalhado para combater diplomaticamente a medida.
Numa carta à instituição da ONU datada de 25 de maio, o Ministério do Ambiente australiano anunciou um “investimento” de 4,4 bilhões de dólares australianos (2,7 bilhões de euros) “para assegurar o futuro da Grande Barreira”.
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Entre as medidas prometidas, estão a criação de “zonas livres de pesca” em um terço do local até o ano 2025, uma redução “considerável” na descarga de poluentes de agricultores e indústrias e a redução das emissões de CO2 do país, segundo a Unesco.
Emissões de CO2
A Austrália é um dos maiores exportadores mundiais de carvão e gás natural do mundo e um dos piores países em termos de emissões de dióxido de carbono per capita (15,3 toneladas por ano), muito à frente da China (7,6) e até dos Estados Unidos (14.7), segundo dados do Banco Mundial.
Além de seu valor inestimável do ponto de vista natural ou científico, estima-se que o complexo de corais, que se estende por mais de 2.300 quilômetros, gere US$ 4,8 bilhões em receita para o setor de turismo australiano.
Em dezembro de 2021, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) afirmou que as mudanças climáticas representavam a maior ameaça às maravilhas da natureza e a Grande Barreira de Corais entrou para a lista de locais classificados como “críticos”.
A Grande Barreira de Corais já experimentou três episódios de branqueamento em cinco anos, enquanto metade dos corais desapareceu desde 1995 devido ao aumento da temperatura da água.