Entre janeiro de 2016 e junho de 2023, os bancos franceses estiveram envolvidos em mais da metade das operações de financiamento obtidas por empresas do setor de combustíveis fósseis, por meio da emissão de títulos, em todo o mundo. O cálculo foi realizado por um consórcio de jornalistas que trabalham em vários veículos europeus, incluindo o francês Le Monde e o britânico The Guardian.
As conclusões da investigação “Fossil France”, reveladas nesta terça-feira (26/09), apontam que do € 1,01 trilhão (cerca de R$ 5,2 trilhões) de obrigações emitidas pelas gigantes de petróleo e gás para financiar suas atividades, € 521 bilhões foram obtidos com o apoio de um ou mais bancos franceses. O Crédit Agricole encabeça a lista, seguido pelo BNP Paribas e o Société Générale.
“Os bancos franceses (…) estão entre os mais ativos da Europa” e “estão envolvidos em pouco mais da metade das operações de financiamento de títulos” das principais companhias de petróleo e gás do mundo, de acordo com o levantamento.
Nesse tipo de transação, os bancos não emprestam dinheiro diretamente, mas aconselham e auxiliam a Saudi Aramco, a ExxonMobil, a Chevron, a BP e a Total Energies a realizar empréstimos com investidores privados.
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Instituições bancárias estão se revezando para assumir novos compromissos para limitar seu impacto na mudança climática
Entretanto, a pesquisa sugere “uma tendência favorável: após anos recordes em 2019 e 2020, a emissão de títulos ‘cinza’ caiu significativamente em 2021 e 2022”, particularmente entre os bancos franceses. O mercado de combustíveis fósseis está diminuindo.
“O setor de petróleo foi consideravelmente reduzido” em termos de financiamento de títulos no BNP Paribas, disse a instituição financeira à AFP, que também destacou o papel crescente dos chamados títulos “verdes” em seu portfólio.
“Essa pesquisa demonstra a urgência absoluta de que bancos e investidores adotem políticas para restringir seu apoio ao setor de petróleo e gás, e que o façam para todos os serviços financeiros prestados, inclusive referentes a emissões de obrigações”, disse Lara Cuvelier, ativista da ONG Reclaim Finance.
As instituições bancárias estão se revezando para assumir novos compromissos para limitar seu impacto na mudança climática. Em 18 de setembro, o banco Société Générale anunciou que reduziria sua exposição ao setor de produção de petróleo e gás em 50% até 2025, em comparação com 2019, ante 20% anteriormente.