Terça-feira, 17 de junho de 2025
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A Conferência Mundial da ONU para a Biodiversidade e seus impasses recebem a atenção da imprensa francesa nesta sexta-feira (16/12). Enquanto ministros do Meio Ambiente de todo o mundo seguem reunidos em Montreal, outros atores implicados na defesa do meio ambiente e seus recursos tentam ser ouvidos neste debate.

Para o jornal Libération “a voz dos povos autóctones deve ser ouvida”, como deixa claro o título de sua matéria, em que foram entrevistados representantes de povos indígenas que estão no centro das negociações que acontecem em Monteral. Eles esperam que a adoção de um acordo mundial reforce seus direitos.

A publicação destaca que, com 476 milhões de pessoas divididas entre mais de 90 países, os povos autóctones representam 5% da população mundial e possuem, ocupam ou utilizam um quarto das terras preservadas, o que os torna “guardiões” de 85% da biodiversidade restante sobre a Terra.

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O reconhecimento de seus direitos e seu papel está no centro da COP15 e o rascunho do acordo os cita diversas vezes. Mais que isso, sublinha o artigo, os principais objetivos da conferência das Nações Unidas, como o de proteger, no mínimo, 30% de terra e mares até 2030, não podem ser alcançados sem a participação dos povos indígenas.

No entanto, muitos temem que esta demanda não seja respeitada, prejudicada por décadas de marginalização e deslocamentos forçados, muitas vezes justificados pela própria conservação da natureza, chamado de “colonialismo verde”.

Enquanto povos originários se esforçam para serem ouvidos, impasse das negociações se concentra no fundo de financiamento de nações mais ricas

Twitter/Amina J Mohammed

Para o jornal Libération "a voz dos povos autóctones deve ser ouvida", como deixa claro título de sua matéria

Fundo de financiamento

Enquanto os povos originários se esforçam para serem ouvidos, o impasse das negociações se concentra no polêmico fundo de financiamento das nações mais ricas em benefício dos países em desenvolvimento.

Quem vem primeiro, “o ovo ou a galinha?”, se pergunta a matéria do Le Monde. “Devemos primeiro concordar com o financiamento ou esperar ter compromissos sérios e depois discutir os recursos?”

Para os europeus, a lembrança de Sharm El-Sheikh ainda está fresca: durante a COP27 no Egito, eles acreditam ter “cedido” ao pedido dos países em desenvolvimento ao aceitar a criação de um fundo para “perdas e danos” – para ajudar os Estados afetados por prejuízos causados pelas mudanças climáticas – sem receber nada em troca.

Um dos países participantes e à frente das demandas, o Brasil parece fazer um jogo duplo aos olhos dos “financiadores”. É o que deixa claro o governo francês, ao declarar em nota que “nossos amigos brasileiros têm de se comprometer com um nível maior de ambição”.

Vale lembrar que a área desmatada no Brasil em novembro atingiu 555 km2, um aumento de 123% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados do sistema Deter-B, do Inpe, divulgados na última sexta-feira (09/12). este é o segundo pior resultado da série histórica iniciada em 2015, perdendo apenas para o segundo ano do governo Bolsonaro, em 2020, quando a área desmatada em novembro chegou a 563 km2.