As emissões globais de CO2 relacionadas à energia aumentaram em 0,9% em 2022, e atingiram um novo recorde. Mas estas emissões, no entanto, ficaram abaixo do esperado, graças às energias e tecnologias verdes, de acordo com a avaliação da Agência Internacional de Energia (AIE) divulgada nesta quinta-feira (02/03).
“O risco de crescimento desenfreado das emissões, devido ao aumento do uso do carvão no contexto da crise energética, não se concretizou. O incremento das energias solar e eólica, os carros elétricos, a eficiência energética e outros fatores retardaram o acréscimo de CO2”, observa a AIE em uma análise baseada em dados públicos de diversos países.
As emissões por energia (mais de três quartos do total), no entanto, mantêm “uma trajetória de crescimento insustentável”, alimentando as mudanças climáticas, alerta a AIE, que pede uma ação mais forte nesse sentido.
Em 2022, as emissões de CO2 do setor da energia cresceram 0,9%, atingindo um recorde de mais de 36,8 bilhões de toneladas, informou o relatório. Mas, de acordo com a AIE, 550 milhões de toneladas de CO2 também foram evitadas por novas infraestruturas de energia de baixo carbono. No ano passado, as energias renováveis representaram 90% do crescimento da produção de eletricidade.
Em 2021, o aumento anual das emissões relacionadas à energia atingiu 6%, após um ano de pandemia de covid-19 com atividade econômica ainda excepcionalmente lenta.
Carvão e clima extremo
No ano passado, as emissões foram alimentadas pelo aumento do uso de combustíveis fósseis, relacionados principalmente ao ressurgimento de episódios climáticos extremos — seca, ondas de frio ou de calor — e às dificuldades de operação de um número sem precedentes de reatores nucleares.
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Emissões de combustíveis fósseis, como petróleo, continuam a crescer, dificultando esforços para alcançar metas climáticas
As emissões geradas pela combustão do carvão, que na Ásia, mas também na Europa, substituiu frequentemente o gás, que se tornou muito caro, aumentaram 1,6%. Já as relacionadas ao petróleo aumentaram 2,5%, mas permaneceram abaixo dos níveis pré-covid. Metade desse crescimento vem da retomada do tráfego aéreo, explica a AIE.
Geograficamente, a Ásia viu suas emissões crescerem 4,2%, impulsionadas por seu crescimento econômico, com exceção da China, que, sujeita a restrições devido à Covid, se mantém no mesmo nível de emissões.
Na UE, as emissões caíram 2,5%, graças a uma implantação recorde de renováveis diante do retorno do carvão. Nos Estados Unidos, o aumento foi de 0,8%, com forte crescimento da demanda de energia devido às temperaturas extremas.
Crescimento das renováveis
“Os impactos da crise energética não geraram o crescimento maciço das emissões que temíamos, graças ao notável aumento das renováveis, dos veículos elétricos, das bombas de calor e das tecnologias de eficiência energética. Sem isso, o crescimento das emissões de CO2 teria sido quase três vezes maior”, comentou o diretor da AIE, Fatih Birol.
“As emissões de combustíveis fósseis [petróleo, gás, carvão], no entanto, continuam a crescer, dificultando os esforços para alcançar as metas climáticas globais”, acrescentou, instando as empresas envolvidas a agir.
“Empresas internacionais e nacionais do setor de combustíveis fósseis estão tendo receitas recordes e devem assumir sua parcela de responsabilidade, em linha com seus compromissos públicos em relação ao clima. Estas devem rever suas estratégias no sentido de uma redução real de suas emissões”, ele frisou.